Aspectos biológicos de Protopolybia var. exigua (Saussure, 1854) (Hym.-Vespidae)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 1974
Autor(a) principal: Machado, Vera Ligia Letizio
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/11/11146/tde-20240301-144105/
Resumo: Como as conclusões e observações foram discutidas à medida em que surgiram, resta, agora, alinhá-las: 1. As colônias de Protopolybia exigua var. exigua são fundadas por enxameação, através de um grupo de fêmeas fecundadas (rainhas), acompanhadas de dezenas de fêmeas não fecundadas (operárias e intermediárias), porém, não se registrou a ocorrência de machos nestes enxames. 2. As amostragens pelas proporções e porcentagens realizadas para as populações de P. exigua exigua revelam uma proporção mais ou menos constante de rainhas, intermediárias e operárias, mesmo depois do aparecimento dos machos. Em média, essa proporção para P. exigua exigua foi de 4,5% de rainha, 59,0% de intermediária e 36,5% de operárias. 3. As evidências comprovam a existência de uma pleometrose permanente, fato bastante comum nas sociedades dos Polybiini. 4. O ciclo completo de desenvolvimento de P. exigua exigua abrange cerca de 120 dias mas, dependendo das condições pode reduzir-se para 40 dias (no caso de parasitismo) ou mesmo dobrar esse tempo, como é o caso nas translocações favoráveis. A colônia compreende 3 períodos ou gerações, sendo que no primeiro e segundo períodos ocorre a produção de gêmeas (fase fêmeo-produtora) e no terceiro, a produção de machos e fêmeas (fase macho-fêmeo-produtora). 5. O período de desenvolvimento de P. exigua exigua oscila com a temperatura. Assim, em condições naturais, com a temperatura média oscilando ao redor de 27ºC, foi encontrado um período de desenvolvimento de 41 - 45 dias (3 a 5 dias para ovo; 18 - 20 dias para larva e, 20 dias para pupa). Nos meses frios, quando a temperatura oscilou ao redor de 20ºC, foi registrado um período de desenvolvimento completo de 60 - 63 -dias, com a duração de 5 dias, 28 dias e 28 - 30 dias, para os estágios do ôvo, larva e pupa, respectivamente. 6. Há pelo menos três ciclos anuais completos, ocorrendo de janeiro a abril, de maio a setembro, de outubro a janeiro e assim sucessivamente. 7. Foi quatro o número de estágios larvais determinados para esta espécie. 8. As cápsulas cefálicas das larvas de P. exigua exígua crescem numa razão média constante de 1,35, concordando assim com a regra de DYAR. 9. Uma vez comprovada a Regra de DYAR, a largura máxima da cabeça (distância entre os bordos laterais da cápsula cefálica logo abaixo dos ocelos) pode ser usada como Índice de tamanho e também como determinante dos quatro estágios larvais desta espécie. 10. Os dados obtidos por biometria indicaram que somente foram significativas as correlações entre comprimento de asa largura de cabeça; comprimento de asa x desenvolvimento de ovário e largura de cabeça x desenvolvimento de ovário. Os dados obtidos através do teste da comparação das médias indicaram que nas populações de P. exigua exigua, as rainhas são estruturalmente diferentes das intermediárias e operárias, não se observando, entretanto, diferenças estruturais altamente significativas entre operárias e intermediárias. 11. Os ninhos de P. exigua exigua analisados foram elaborados com pelos vegetais mortos lignificados, argamassados com uma substância produzida provavelmente pelas glândulas salivares, podendo incorporar também fibras vegetais, pedaços de vasos condutores (xilema), macerados de células, grãos de pólen etc. Algumas análises químicas deste material de construção demonstraram a existência de 9,5% de proteínas (calculadas a partir da % de N x 6,25); 15,1% de fibras (calculadas e hemicelulose); uma porcentagem desprezível de açúcares. A umidade, calculada a partir do peso seco, foi de 96,1%. 12. Na construção do ninho, P. exigua exigua pode reutilizar o material da cobertura para a construção de novas células do mesmo ninho. Os materiais reutilizados também podem ser provenientes de ninhos velhos da mesma ou de outras espécies. 13. P exigua exigua pode modificar a forma e alguns detalhes da estrutura de seus ninhos quando ocorre uma anormalidade. 14. Os ninhos de P exigua exigua não apresentam depósitos de lixo, portanto, frequentemente foram vistas várias vespas transportando material de lixo (larvas e adultos mortos, fragmentos de insetos etc.) para fora. 15. As colônias de P exigua exigua, principalmente as da região de Ribeirão Preto - S.P., são intensamente parasitadas por Megaselia scalaris (Diptera - Phoridae), podendo a infestação destruir a população no primeiro período de desenvolvimento, justificando sua frequente e prematura enxameação e a construção de apenas um favo. 16. Ocasionalmente pode ocorrer parasitismo das formas adultas de P exigua exigua por Strepsitera (Stylopidae).17. Foram possíveis translocações de P exigua exigua quando estas se realizaram logo em seguida às coletas, de maneira a fixar as colônias imediatamente nos novos locais, previamente escolhidos, no Vespeiro experimental.18. Há uma divisão de trabalho em P exigua exigua (semelhante àquela encontrada em P. pumila) baseada, provavelmente, em interações psicofisiológicas controladas por hormônios que atuariam na distribuição linear de dominância entre elas.19. A alimentação de P exigua exigua constituiu-se de presas insetos capturadas durante os vôos diários e pequena quantidade de mel fabricado. Esse mel, sempre encontrado em células limpas dos favos recentes demonstraram ter em P. pumila, composição próxima à da geléia real ou substância de rainha de uma abelha melífera comum. 20. Não há estocagem de presas-insetos no ninho, para a alimentação das crias, pois, P exigua exigua captura suas presas macerando-as de modo a formar uma pasta fluída no papo. As pequenas presas capturadas, raramente inteiras, foram alguns dípteros (Similidae), formas aladas de pequenas formigas e homópteros. Além dos insetos capturados, estas vespas podem aceitar como alimento, suas próprias larvas retiradas das células ou larvas mortas de dípteros. Em colônias da fase fêmeo - macho produtora, os machos obtém alimento das regurgitações das operárias e da secreção salivar das larvas. 21. P exigua exigua realiza um controle interno de temperatura e umidade no ninho. 22. Os ensaios bioquímicos para a atividade enzimática revelaram a presença de algumas carboidrases (amilase e invertase), proteases (tripsina, quimiotripsina e catepsinas) e lipases. 23. Maior atividade da amilase e invertase foi encontrada nas rainhas, demonstrando uma diferenciação das castas femininas adultas dependente, provavelmente, das atividades desempenhadas na colônia. As rainhas estariam restritas ao ninho pela função de oviposição e, portanto, receberiam uma alimentação fluída e mais energética por parte das dominadas. 24. O levantamento microbiológico revelou a presença de algumas enterobactérias: Proteus, Grupo Providence, Salmonella typhi, Shigella (subgrupos A - B - C e A - B - C - D), Pseudomonas e Alcaligenes faecalis; além de fungos e protozoários parasitas (Eugregarina: Actinocephalidae - Stictospora sp.).