A \"Sepsis Tuberculosa Gravíssima\" e a tuberculose no indivíduo infectado pelo HIV: um estudo comparativo

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 1998
Autor(a) principal: Jamal, Leda Fátima
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/6/6132/tde-09042020-131551/
Resumo: A tuberculose (TB) no paciente infectado pelo HIV assume, por vezes, caracteres diferentes dos habitualmente encontrados na TB clássica, com comportamento septicêmico e evolução rápida para óbito. Essas características, junto com padrão radiológico atípico e histologia indicativa de uma não-reação do organismo, lembram a \"Sepsis Tuberculosa Gravíssima\" (STG), uma forma de TB com alterações hematológicas importantes. Descrita pela primeira vez no começo do século e com menos de uma centena de casos publicados até hoje, sua patogenia permanece obscura. Este trabalho se propôs a averiguar a existência de analogias entre a forma leucopênica da STG e a tuberculose no HIV positivo. Para tanto, foram pesquisados casos na literatura nacional e internacional, feito levantamento dos laudos de necrópsia do Serviço de Verificação de Óbitos da Cidade de São Paulo e levantamento retrospectivo dos casos de tuberculose entre pacientes HIV positivos de um serviço público de referência para Aids. Os critérios de inclusão foram: teste anti-HIV positivo e tuberculose confirmada por identificação do M. tuberculosis. Foram descritos dados epidemiológicos, clínicos, radiológicos, laboratoriais e evolutivos de 436 pacientes atendidos no período de 1986 a 1994. Foi feito teste de associação pelo \'qui-quadrado\' ou teste de diferença de médias entre ocorrência de óbito precoce (anteriormente ao diagnóstico de TB ou até 60 dias após o diagnóstico) e determinadas variáveis. Encontramos associação entre óbito precoce e: fase clínica de Aids; diagnóstico de TB posterior ao de Aids; transmissão do HIV por via sexual; forma disseminada da TB; esplenomegalia, hepatoesplenomegalia, adenomegalias superficiais e diarréia; presença de candidíase oral, septicemia e neurocriptococose por ocasião do diagnóstico de TB; citopenias dissociadas ou atingindo as três séries (pancitopenia); bacilemia e não-instituição de tratamento específico para TB. Na análise de regressão logística, foram fatores de risco independentes para óbito precoce a forma disseminada da tuberculose, anemia, plaquetopenia, fase clínica da infecção pelo HIV (suspeito) e via de transmissão do HIV. Numa segunda fase, foram constituídos dois grupos: grupo 1 de pacientes leucopênicos e grupo 2 não- leucopênicos. Foi feito teste de associação pelo \'qui-quadrado\' ou teste de diferença de médias entre determinadas variáveis e a presença de leucopenia. Encontramos associação entre leucopenia e ocorrência de óbito nos dois meses posteriores ao diagnóstico de TB e também nos dois meses posteriores ao início de tratamento. Na análise de sobrevida realizada, verificou-se probabilidades menores de sobrevida entre leucopênicos, com diferenças significantes (p=0,0329). Os pacientes do grupo 1 foram comparados com 13 casos de STG compilados da literatura internacional para averiguação de similaridades entre eles. Não encontramos diferença estatísticamente significante no que se refere a óbito até dois meses posteriores ao diagnóstico, indicação de uma evolução rápida e fatal da TB em pacientes leucopênicos. Nós concluímos ser possível incluir alguns casos de tuberculose no indivíduo infectado pelo HIV no quadro de \"Sepsis tuberculosa gravíssima\".