Uma história serial e conceitual da gramática brasileira oitocentista de língua portuguesa

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Polachini, Bruna Soares
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8139/tde-06072018-120101/
Resumo: Nesta tese, que se propôs a explorar as gramáticas brasileiras do português publicadas no século XIX, tivemos três objetivos. O primeiro foi realizar um mapeamento exaustivo da produção gramatical brasileira do português do século XIX, o qual foi feito por meio de fontes secundárias e catálogos de bibliotecas. Tivemos conhecimento de 127 títulos e 77 reedições, o que resulta em duzentas gramáticas. A partir dos dados coletados, que, em geral, eram título, subtítulo, autor, ano de publicação, local e casa impressora, formalizamos unidades de análise para, ao relacioná-las, por meio da metodologia da História Serial (Furet 1991, Barros 2005), realizar um mapeamento descritivo e interpretativo dessa produção. Nosso segundo objetivo, tendo selecionado, com base em quatro critérios combinados (prestígio, emergência, institucionalização e diálogo), dezoito exemplares (16 títulos, 2 reedições) dos duzentos e quatro de que tivemos conhecimento, foi de realizar uma análise orientada para os conteúdos dessas obras, organizada em torno de uma possível rede conceitual. A hipótese dessa análise, baseada em Auroux (2009[1992]) e Swiggers (2010), é de que alguns conceitos poderiam ser eixo de uma rede conceitual devido à sua influência técnica e, eventualmente teórica, em uma determinada tradição de descrição linguística. Essa hipótese surgiu nos resultados de nossa pesquisa de mestrado, em que, ao notar a complexidade da dimensão técnica (cf. Swiggers 2004) de algumas obras dessa tradição, pensamos ser necessário procurar meios de tornar sua análise mais homogênea (cf. Polachini 2013, Polachini 2016). Para testá-la, examinamos o conceito-chave de \'verbo substantivo\' apresentado nas obras selecionadas, que são amiúde influenciadas pela tradição da grammaire générale francesa, ao menos até 1880, quando passa a haver também influência do método histórico-comparativo (cf. Maciel 1910, Nascentes 1939, Elia 1975, Cavaliere 2001, Parreira 2011, Polachini 2013). Ademais, foi necessário formalizar uma metodologia a fim de reconhecer a rede conceitual em torno do verbo substantivo. Primeiramente, definimos conceitos gramaticais como sendo formados por meio de processos classificatórios da cadeia falada. Tais processos têm como produto, por um lado, termos, e, por outro, conceitos. Estes últimos podem ser analisados intensionalmente, por meio de sua definição e seu lugar numa determinada taxonomia, ou extensionalmente, considerando o inventário de dados linguísticos eleitos como exemplos e eventuais ilustrações desses dados em uso. Cada conceito é, portanto, analisado por meio das seguintes categorias: definição, taxonomia, exemplos, ilustrações e por seus termos. Consideramos rede conceitual as relações travadas entre o conceito-chave, verbo substantivo, e conceitos que, na tradição da grammaire générale teriam já alguma relação com o verbo substantivo (cf. Chevalier 1968; Colombat 1992; Raby 2000; Bouard 2007), a saber: gramática e linguagem, metaclasses e classes de palavras, modificadores do nome, verbo, oração (seus elementos e sua organização) apresentadas nas obras. Essas relações podem ser de quatro tipos: (1) equivalência; (2) intersecção (3) subordinação; (4) base teórica comum. Finalmente, distinguimos no texto gramatical a descrição linguística, que chamamos de texto, e as ampliações, reflexões ou críticas realizadas sobre essa descrição, que chamamos de metatexto. Tal metodologia nos permitiu uma visão mais clara e homogênea da dimensão técnica das obras (e de seu eventual ecletismo), além de proporcionar uma visão mais complexa de continuidades e descontinuidades dessa produção, que contrasta com aquelas das revisões históricas. Ademais, os resultados apontam também para: relações entre agendas dos autores ao publicarem suas gramáticas e seu ecletismo. Nossa terceira proposta foi de que esta tese fosse não apenas uma historiografia, mas também uma epihistoriografia dessa tradição. Assim, apresentamos dois apêndices: um com informações catalográficas das 204 gramáticas de que tivemos conhecimento, organizadas cronologicamente; e outro com os paratextos das dezoito obras analisadas.