Como esquecer? Memórias de um desastre vivenciado

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2014
Autor(a) principal: Sartori, Juliana
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/18/18139/tde-29092014-152210/
Resumo: No Brasil, os desastres relacionados às chuvas são recorrentes visto que estes compõem, aproximadamente, um quarto dos eventos oficialmente registrados (VALENCIO; VALENCIO, 2010). A ineficácia em torno das atuações para mitigação dos desastres torna este cenário preocupante, visto que no período de janeiro de 2003 a dezembro de 2013, foram decretadas 20.766 portarias de reconhecimento de Situação de Emergência e Estado de Calamidade Pública no país. Na perspectiva das Ciências Sociais, o desastre consiste em um acontecimento multidimensional, que possui caráter social, ambiental, cultural, político, econômico, físico ou tecnológico (OLIVER-SMITH, 1998), e que não pode ser compreendido, portanto, como evento pontual, por deflagrar uma crise instaurada no corpo social (VALENCIO, 2012a). Em vista de compreender as dimensões materiais e simbólicas do desastre, o presente trabalho analisou a memória social de idosos em relação ao desastre deflagrado no município de São Luiz do Paraitinga/SP em janeiro de 2010, sob uma perspectiva do desastre vivenciado (MARTINS, 1992, 2000). Este estudo se caracterizou como pesquisa sociológica de base qualitativa, consistindo em três partes, a saber: a revisão bibliográfica, a pesquisa documental, e a pesquisa de campo. A pesquisa bibliográfica, consistiu na análise dos principais autores no tema de desastres, vida cotidiana, memória social e idosos. Já a pesquisa documental, caracterizou-se pela preparação e fundamentação para a pesquisa de campo, por meio da análise do discurso institucional sobre o desastre no município de São Luiz do Paraitinga/SP. E, a pesquisa de campo, foi realizada a partir da observação direta e participante, da coleta de relatos orais (QUEIROZ, 1987) e da fotodocumentação (MARTINS, 2008). A partir dos resultados analisados, após quatro anos do chamado dia do desastre, percebeu-se que este ainda permanece na vida dos que o vivenciaram (VALENCIO, 2012a). Além da reconstrução no plano material, no plano simbólico, os medos e anseios ressurgem ao relembrar aspectos essenciais de um modo de vida que foi perturbado. Com isso, as pessoas já não se reconhecem no território, caracterizando-se, portanto como um processo de desrritualização, o qual desfaz diversos significados dentro da estrutura simbólica (THORNBURG; KNOTTNERUS; WEBB, 2007). E, de modo geral, a memória do desastre vivenciado se configura, por meio da conciliação entre as memórias oficiais e as individuais (POLLAK, 1992). Sendo assim, são pelos desencontros, pelas constantes rupturas, construções e reelaborações do passado, forjados pelos diferentes sujeitos, que a memória social acontece. Tal memória não permanece intacta nem coesa, pois é uma constante representação de algo já vivido e reacomodado.