O trabalho nas fissuras da crítica geográfica

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2015
Autor(a) principal: Menezes, Sócrates Oliveira
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8136/tde-10032016-142512/
Resumo: O objetivo da presente pesquisa é analisar as formas com que o trabalho, tomado como categoria da análise social, foi inserido na crítica do movimento de renovação da Geografia no Brasil. Tal movimento se inicia na década de 1970, mas se mantém vivo em suas principais perspectivas ainda atuantes. Buscou-se identificar no processo de incorporação do trabalho seu papel na mediação entre a crítica social e a crítica geográfica que se montava, primeiro como denúncia capitalista, depois como consolidação epistemológica. A tese é que, na urdidura da crítica tensionada pelo movimento de renovação (que se pretendera como Geografia Crítica), o trabalho se estabeleceu como importante elemento de transição para a abertura crítica da análise geográfica, mas que, em seu processo de afirmação teórico-epistemológico, não o fora tomado em sua totalidade contraditória e dialética, significando, simultaneamente, sua própria negação. É, por isso, um estudo sobre a afirmação/negação do trabalho na gênese da crítica da Geografia em seu movimento de renovação a partir de suas principais perspectivas teóricas. Considerou-se, para tanto, as proposições teóricas que, de forma direta ou indireta, central ou apenas tangencial, adotaram o trabalho como objeto, tema ou perspectiva política para suas formulações. Essas perspectivas são aqui denominadas como geografias do trabalho. Dentre os objetivos específicos que comporão a argumentativa da presente tese, aponta-se: (1º) o papel fundamental da teoria do valor para a formulação de uma crítica que se volta contra o desenvolvimento e a expansão capitalista. Observou-se como o trabalho fora tomado como cristalização valor para subsidiar uma leitura que, pelo espaço, procurava desvendar os mecanismos de dominação e exploração do capital a partir de sua instrumentalização no território. Nota-se nesse momento, uma forte vinculação à interpretação concreticista confundida como leitura propriamente geográfica; (2º) a montagem de uma leitura geográfica que se pretendia ontológica teve no trabalho uma de suas principais referências. Mas se notou que as formulações, muitas delas por sistemas de montagem ou de fusão teórica, não foram pautadas pela autocrítica, o que levou a um discurso ontológico remoto e, consequentemente, confundido com a gnosiologia e com a própria epistemologia geográfica, dada a manutenção da interpretação concreticista que se conservara; (3º) a natureza da crítica geográfica e sua expressão teórica. Neste último ponto da análise se observou como o problema da contradição foi interpretado e inserido na crítica geográfica; constatou-se, em última análise, sua ausência. Tomando o trabalho como referência, constatou-se ainda que a dialética envolvida em sua formulação tendeu a ser mais um instrumento de conciliação teórica do que uma crítica social. Concluiu-se que, tomando a argumentativa da tese que se pretendeu partir do trabalho como referencial para análise da crítica geográfica, esta apresenta fissuras no interior de suas próprias formulações, fissuras essas que tendem a se desenvolver como autocontradição, deixando ainda incompleta sua efetividade como crítica social emancipatória.