Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2015 |
Autor(a) principal: |
Camargo, Paula |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8136/tde-29062015-123757/
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Resumo: |
A presente dissertação aborda o papel da expansão da rede ferroviária e seus impactos numa formação territorial particular. O estudo em questão se insere num debate da Geografia Agrária e indica elementos para relacionar a modernização da rede de transporte com as transformações das formas de se produzir. As vias férreas para circulação de mercadorias voltaram a ganhar centralidade nas políticas públicas formuladas no Brasil neste início de século XXI. A atual expansão das malhas ferroviárias tem sido pautada pelo processo de mundialização da agricultura brasileira, bem como de intensificação da exploração mineral. Decorrem, portanto, das necessidades da reprodução capitalista contemporânea. Nesse processo atuam, também, as companhias concessionárias que obtiveram o direito de exploração das malhas ferroviárias mediante sua privatização, na década de 1990, além das próprias construtoras. Em consonância com a lógica capitalista, as novas vias de circulação são consideradas de utilidade pública e atravessam, após questionáveis processos de licenciamento ambiental, frações territoriais de comunidades rurais que, em geral, pouco ou nada são beneficiadas por este símbolo de desenvolvimento e modernização. Além disso, as vias férreas tendem a provocar o aumento da renda da terra, acentuando ainda mais os conflitos fundiários, cujo ápice se realiza através da legitimação legal das desapropriações parciais. Para a compreensão de tais processos, definimos como objeto de pesquisa a Ferrovia Nova Transnordestina, em construção no Nordeste, e o município de Ouricuri/PE, como recorte espacial para um estudo de caso. Deste modo, as pesquisas de campo foram intercaladas com estudo bibliográfico sobre a formação territorial do Nordeste e da área de estudo. Visamos, assim, analisar criticamente o desenvolvimento ferroviário como parte constitutiva do desenvolvimento do modo capitalista de produção e, por meio dele, processos de reprodução do campesinato ali presente. A Ferrovia Nova Transnordestina vem se constituindo como elemento importante para o entendimento das contradições dos processos mais amplos de desenvolvimento do capitalismo e das forças produtivas. Contudo, a realidade do campo em Ouricuri mostrou-se ainda mais complexa e conflituosa diante de outros elementos: as velhas e novas relações vinculadas ao enfrentamento e à convivência com a seca, a introdução de políticas estatais sociais de profundo impacto local e o intenso processo de parcelamento da área agropecuária naquele município. Nossa pesquisa passou, assim, a incorporá-los como elementos decisivos da reprodução camponesa em Ouricuri, deslocando, ao menos para o atual momento, a centralidade da Ferrovia Nova Transnordestina e da tendência às transformações socioterritoriais a ela associadas. |