Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2019 |
Autor(a) principal: |
Megale, Ângela Alice Amadeu |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/42/42133/tde-26112019-115653/
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Resumo: |
Bitis arietans é uma serpente de importância médica encontrada em toda a África subsaariana e em savanas e pastos do Marrocos e da Arábia ocidental. O envenenamento é caracterizado por reações locais e sistêmicas, incluindo inflamação e distúrbios hemostáticos e cardiovasculares, os quais podem levar a morte ou incapacidades permanentes. No entanto, o mecanismo subjacente ao envenenamento é pouco explorado, especialmente com relação ao envolvimento do processo inflamatório, tornando-se justificáveis a caracterização dos componentes e o modo de ação deste veneno. Portanto, o presente trabalho teve como um dos objetivos estudar as reações agudas promovidas pelo veneno da serpente B. arietans e a contribuição dos mediadores lipídicos para estes eventos. Em modelo de peritonite, o veneno induziu inflamação in vivo, caracterizada pelo aumento da permeabilidade vascular e do número de leucócitos PMNs na cavidade peritoneal, acompanhados pela produção dos eicosanoides LTB4, LTC4, TXB2 e PGE2, bem como pela produção local e sistêmica de IL-6 e MCP-1. Devido à hemorragia, é possível que outros componentes plasmáticos, como as plaquetas, tenham extravasado para a cavidade. A partir de intervenções farmacológicas e uso de camundongos knockout, este estudo mostrou que os mediadores lipídicos interferem de maneira significativa nestes eventos. A inibição da geração de leucotrienos não é suficiente para atenuar a inflamação aguda. Por outro lado, prostanoides metabolizados por COX-1, possivelmente o TXB2, contribuem para o aumento do número de leucócitos PMNs na cavidade peritoneal. Ao passo que animais deficientes do receptor do PAF (PAFR-/-) apresentaram redução tanto do número de leucócitos PMNs, quanto da produção local e sistêmica de IL-6 e MCP-1. Os fármacos utilizados para a inibição destes mediadores podem contribuir de maneira positiva e, sobretudo, complexa no controle das reações agudas provocadas pelo veneno. Além disso, os mediadores lipídicos parecem estar envolvidos com a modulação da hemorragia local. Paralelamente, foram purificadas e caracterizadas uma serino protease (SVSP), fibrinogenolítica e cininogenolítica, bem como uma metaloprotease (SVMP), fibrinogenolítica e capaz de hidrolisar a fibronectina, as quais podem estar envolvidas com a hemorragia e distúrbios cardiovasculares e com o dano tecidual provocado pelo veneno. Em macrófagos humanos, a SVSP induziu a produção de TNF, IL-6 e IL-1β, além das quimiocinas IL-8, IP-10, MCP-1 e RANTES, potentes mediadores inflamatórios. Por outro lado, a SVMP induziu a produção de IL-10, uma importante citocina anti-inflamatória, além de IL-1β, IL-8, MCP-1 e RANTES, embora em níveis significativamente menores que a SVSP. Nos macrófagos, o veneno induziu a produção de TNF, IL-1β e PGE2. Em conjunto, os dados indicam que: 1) o veneno de B. arietans é capaz de induzir inflamação e hemorragia in vivo, as quais são parcialmente moduladas pelos mediadores lipídicos; 2) a SVSP purificada do veneno é importante para a indução da resposta inflamatória; e 3) que os macrófagos são uma importante fonte dos mediadores inflamatórios induzidos tanto pelo veneno, quanto pela SVSP. Deste modo, os resultados obtidos auxiliam na compreensão dos mecanismos envolvidos no envenenamento e podem ser úteis para o estudo de novas terapias complementares ao antiveneno no tratamento dos acidentes por B. arietans, uma vez que a inflamação e a hemorragia desempenham um papel importante no envenenamento e contribuem para o agravamento dos sintomas. |