Toxinas do veneno da aranha Avicularia juruensis

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Nascimento, Soraia Maria do
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/87/87131/tde-28032023-090207/
Resumo: As aranhas formam um dos grupos mais diversificados em número de espécies e estão entre os animais venenosos mais bem sucedidos, pois distribuem-se por todo o planeta e habitam praticamente todos os ambientes. Essa ampla distribuição sugere que elas possuam mecanismos de defesa muito eficientes, um deles é a produção de veneno, que é resultado de milhões de anos de evolução e é constituído por uma complexa mistura de toxinas. Os venenos animais podem vir a ser boas fontes de moléculas com potencial terapêutico e biotecnológico, já que contém um grande número de componentes biologicamente ativos que possuem alta especificidade a seus alvos. Uma ampla variedade de atividades já foi detectada no veneno de aranhas e algumas toxinas isoladas têm ajudado no desenvolvimento de biotecnologias em diferentes áreas. Visto estes fatos, esse estudo teve como objetivo identificar as toxinas do veneno da aranha Avicularia juruensis, que foi escolhida para este estudo devido ao fato de geralmente consumir pequenas aves e, por este motivo, provavelmente possuir veneno bastante tóxico e com ação rápida. Para isso, foi feita a análise transcriptômica de suas glândulas de veneno e a análise proteômica do veneno. A análise transcriptômica retornou 64.020 transcritos ao todo e, após a remoção dos redundantes e dos que possuíam FPKM menor do que 1, foram obtidos 46.537. Com eles foi montado um banco de dados denominado Best candidates. Estes transcritos também foram submetidos a buscas utilizando-se as ferramentas UniprotToxins e VenomKB, os que apresentaram homologia com moléculas depositadas nestes bancos foram utilizados para a montagem de um segundo banco de dados, nomeado Uniprot toxins. Os 46.537 transcritos também foram manualmente anotados, obtendo-se ao final 203, estes compuseram um terceiro banco de dados chamado Transcriptoma anotado. Os três bancos criados com os transcritos foram empregados na análise dos resultados obtidos por espectrometria de massas. A combinação das técnicas de análise transcriptômica e espectrometria de massas foi empregada com o objetivo de verificar se as toxinas observadas no transcriptoma realmente estavam presentes no veneno. Com esta abordagem, foi possível verificar que as terafotoxinas são as moléculas mais abundantes, em especial as U-terafotoxinas. Elas são toxinas encontradas em venenos de aranhas pertencentes à família Theraphosidae e, em sua maioria, possuem ação neurotóxica e podem agir numa ampla gama de alvos moleculares. Ademais, tendo em vista que as U-terafotoxinas foram as toxinas mais abundantes, foi construída uma árvore filogenética ilustrativa com as mesmas, o que ajudou a compreender um pouco mais sobre a evolução destas toxinas entre as aranhas. Além das terafotoxinas também foi observada a presença de CRISPs, hialuronidase e neprilisinas. Visto estes resultados, é provável que o veneno de A. juruensis é bastante neurotóxico e a presença das enzimas é um indicativo de que ele age rapidamente. Estudos posteriores são necessários para a avaliação do modo de ação deste veneno sobre vertebrados e invertebrados e novas análises empregando-se diferentes metodologias podem ajudar a identificar uma maior quantidade de toxinas.