Antivenenos contra frações enzimaticamente ativas isoladas do veneno da serpente Bitis arietans e possíveis modelos para a produção de antivenenos para uso na África subsaariana

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Guidolin, Felipe Raimondi
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/42/42133/tde-05092023-145022/
Resumo: Acidentes com serpentes são responsáveis por cerca de 32 000 mortes anuais na África subsaariana, causados principalmente por serpentes do gênero Bitis, em especial Bitis arietans. A peçonha desses animais é uma mistura complexa, composta de metaloproteases, serinoproteases, fosfolipases A2, lectinas do tipo C e desintegrinas, que atuam de muitas formas diferentes na cascata de coagulação. A identificação e o isolamento de toxinas-chave presentes na peçonha, visando a produção de anticorpos específicos contra esses componentes de interesse, poderia ser uma abordagem possível para a produção de antivenenos mais eficientes. Nesse projeto, comparamos as abordagens toxina-dirigida e tradicional, com o objetivo de desenvolver um antiveneno anti-Bitis para uso na África subsaariana. As frações da peçonha de Bitis arietans foram isoladas por cromatografia de exclusão molecular e obtivemos 8 picos individuais. Os picos 2 e 3 (contendo serinoproteases) e o pico 5 (contendo metaloproteases) foram selecionados para a imunização dos animais experimentais. Camundongos Balb/c foram imunizados com peçonha de B. arietans ou um dos três picos isolados, com sílica mesoporosa sendo utilizada como adjuvante. Os animais receberam 6 inoculações por via subcutânea, com intervalo de 15 dias entre injeções. Ao final do processo o sangue foi coletado e processado, e os plasmas hiperimunes foram avaliados. Os plasmas anti- B. arietans e anti-serinoproteases reconheceram as mesmas bandas presentes na peçonha de B. arietans, e apresentaram títulos e afinidade mais elevados do que o plasma do grupo imunizado com metaloproteases. Os plasmas dos grupos anti- B. arietans e anti-serinoproteases apresentaram reconhecimento cruzado contra as peçonhas de B. nasicoris e B. rhinoceros, mas numa intensidade muito baixa para podermos inferir potencial protetivo. Apesar de todos os grupos terem conseguido inibir a atividade enzimática da peçonha de B. arietans in vitro, nenhum foi capaz de gerar proteção in vivo. Nossos resultados indicam que as serinoproteases seriam mais fortemente imunogênicas, e direcionaram a resposta imune e a produção de anticorpos, mesmo em animais imunizados com a peçonha total. Também concluímos que a neutralização de um componente isolado não seria o bastante para prevenir a morte induzida pela peçonha. Com base nisso, apresentamos um modelo de produção de soros antiofídicos monovalentes, que poderiam ser combinados para gerar soros polivalentes customizáveis para uso na África subsaariana.