As muitas vidas de Luís de Camões: ressonâncias biográficas camonianas na literatura luso-brasileira oitocentista

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2015
Autor(a) principal: Pereira, Vicente Luis de Castro
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8150/tde-15012016-125300/
Resumo: Ao longo do século XIX luso-brasileiro, a biografia do poeta Luís Vaz de Camões emerge, reiteradas vezes, como matéria central de textos ficcionais pertencentes a gêneros literários diversos. No Portugal de Oitocentos, a constatação do estado de decadência da pátria lusitana, aliada a um desejo de restauração da grandeza nacional, resulta na retomada da figura de Camões como símbolo do saudoso passado imperial, cuja glória busca-se recuperar. No Brasil recém-independente, recriações literárias da biografia do poeta classicista português assinalam o estabelecimento de uma complexa relação entre as letras nacionais e as matrizes culturais europeias. A análise dos textos literários selecionados procura integrar, sob a perspectiva do comparatismo literário, os respectivos textos, autores e gêneros ao eixo unificador dos procedimentos ficcionais que configuram a tradição das ressonâncias biográficas camonianas. O diálogo entre literatura e história permite acompanhar a participação ativa de autores e obras em contextos histórico-culturais específicos, mas inter-relacionados. As relações entre ficção e biografia, por sua vez, apontam para a configuração de universos ficcionais a partir de elementos biográficos, com os quais devido à liberdade criadora do fazer artístico e às influências das ideologias e do imaginário , os artistas operam. O recorte observacional da pesquisa se insere, em grande medida, no arco temporal do período romântico, tendo início em 1825, com o poema inaugural do Romantismo português (Camões, de Almeida Garrett), e se estendendo até as comemorações do tricentenário da morte de Camões, em 1880 (ano em que vêm a público peças de Gomes Leal, Cipriano Jardim e Machado de Assis). No caso de Portugal, a década de 1870 já testemunha o desenvolvimento dos ideais estéticos do Realismo, com implicações sobre a própria configuração do culto a Luís Vaz de Camões, trabalhado ficcional e criticamente por Camilo Castelo Branco. De todo modo, no Brasil e em Portugal, entre os anos de 1825 e 1880, pode ser observado um tratamento específico da figura de Camões, inicialmente idealizada segundo os valores românticos (a exemplo de peças escritas por Luís Antônio Burgain, Casimiro de Abreu e Antônio Feliciano de Castilho), em um processo que conduz à consolidação definitiva do mito camoniano em dois países ligados, ao mesmo tempo, pelo passado colonial e por uma tradição cultural comum.