Uma análise intertextual da peça \'Que farei com este livro?\', de José Saramago

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Santos, Cybele Regina Melo dos
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8150/tde-14032019-115245/
Resumo: O presente estudo consistiu na análise e na interpretação crítica do texto teatral Que Farei com este livro? (1980), do escritor português José Saramago, sendo possível estabelecer uma relação intertextual com a obra épica Os Lusíadas (1572), de Luís de Camões. Com esta peça, Saramago propõe aos seus leitores uma visão do momento histórico e político de Portugal no século XVI, possibilitando analisar as questões sociais, culturais e econômicas nela presente. Dentre os temas, estudamos o papel da censura inquisitorial e do mercado editorial para a literatura portuguesa e a influência da peste negra na vida dos habitantes de Lisboa. Outro ponto de análise desta pesquisa foi o de identificar como ocorreu a recepção da obra literária Os Lusíadas na sociedade à época, sobretudo pelas dificuldades encontradas pela personagem principal Camões em obter concessão para publicá-la. A aproximação da censura inquisitorial (do século XVI) com a ditatorial (do século XX) de Portugal, também foi um aspecto de aprofundamento de nossas análises. A pesquisa foi estruturada em uma revisão bibliográfica com a leitura de obras e textos que tratassem de assuntos relevantes ao tema. Partindo de um recorte da peça se buscou por títulos da história, do teatro e da literatura portuguesa, além da teoria crítica, relacionando com outras obras de Saramago. A análise do material de nossa pesquisa nos levou a considerar que, além do aspecto financeiro, a censura foi uma das principais dificuldades enfrentadas por Camões. Quando realizamos esse paralelo com o século XX, notamos que a censura também ocasionou transtornos para diversos escritores e dramaturgos portugueses. As personagens que compõem a peça constituem-se de figuras históricas significativas para a história portuguesa do século XVI, destacando-se Damião de Góis, Diogo do Couto e Frei Bartolomeu Ferreira, estando presentes também na vida do protagonista da peça. O resgate das duas figuras consideradas como mitos para os portugueses foram caracterizadas nas personagens de Camões e de D. Sebastião, o que nos permitiu verificar a presença em inúmeros textos teatrais no século XX. A personagem de Camões foi composta de maneira a apresentar uma imagem humanizada, aproximando-o da vida cotidiana e contribuindo, de certo modo, com o preenchimento de lacunas em sua biografia imprecisa. Por fim, o diálogo entre a ficção e a história permitiu acompanhar a participação de Saramago e de sua obra nos contextos histórico, cultural e social de Portugal, além de identificar o valor de sua escrita no gênero dramático.