A modernidade como revolta gnóstica a partir do Doutor Fausto de Thomas Mann e seus impactos no debate entre direito e moral

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Alexandre, Juliana
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/2/2139/tde-05052021-224803/
Resumo: Esta dissertação tem por objetivo estudar, sob uma perspectiva interdisciplinar, a doença espiritual moderna como causa de ascensão do totalitarismo alemão do início do século XX e o papel do positivismo jurídico como sintoma e agravante desse contexto. Para isso, se pretende expor as raízes gnósticas da crise moderna que se inicia no Renascimento e deságua no totalitarismo contemporâneo mediante a investigação do mito fáustico enquanto símbolo da crise e de seu desenlace diabólico, tendo como material de investigação a obra Doutor Fausto de Thomas Mann, um romance de formação composto de dois planos narrativos: o do pacto do músico e o do pacto da Alemanha. Utilizando como autor teórico de base o filósofo político Eric Voegelin, orientando de Hans Kelsen e interlocutor direto de Thomas Mann. A fim de realizar essa tarefa, dentro dos limites de uma dissertação de mestrado, foi feita uma divisão em quatro capítulos, correspondentes à quatro diferentes etapas: a primeira de definição do conceito de doença espiritual e sua presença nos escritos de Mann e outros três acompanhando a crise moderna, com a disseminação do vírus gnóstico, até chegar, no final do século XIX, no ápice da crise, com o positivismo, em especial, na sua aplicação jurídica. Primeiramente, foi tratado o conceito de doença espiritual em Eric Voegelin e de seu emprego no capítulo XXV do Doutor Fausto. Em seguida, foi descrito a sintomática da doença a partir da agitação patológica do Renascimento, com a emergência do mito fáustico a partir dos escritos gnósticos das Pseudo Clementinas e sua disseminação pela Legenda Aurea, para demonstrar que a crise gnóstica da modernidade e a tradição fáustica estão necessariamente entrelaçadas. No momento seguinte, foi mostrado o agravamento da crise moderna e os primeiros efeitos dos movimentos revoltosos revolucionários, a partir das figuras do professor Schleppfuss, no capítulo XIII, e do professor Kumpf, no capítulo XII, do Doutor Fausto. Por fim, a partir de excertos do capítulo XIV do Doutor Fausto, foi descrito o ápice da crise moderna no século XIX e XX, com o positivismo jurídico, especialmente na sua concepção de ciência e moral, a partir dos escritos de Hans Kelsen. Discutiu-se, a título de conclusão, a relação entre o desenvolvimento da tradição fáustica e a crise gnóstica da modernidade - da qual o positivismo jurídico é também parte - como quadro interpretativo da gênese do Doutor Fausto de Thomas Mann e do totalitarismo por ele denunciado.