A reconciliação destrutiva: a obra tardia de Thomas Mann

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Thomaz, Leonardo Augusto Castilho
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8151/tde-22122023-170837/
Resumo: Esta dissertação de mestrado busca, recuperando o debate teórico acerca do \"estilo tardio\", realizar uma leitura da obra Die Betrogene [A enganada], última novela publicada por Thomas Mann, em 1953, quando o escritor já se aproximava dos oitenta anos de idade. O \"estilo tardio\" enquanto conceito estético é encontrado na teoria da arte desde a recepção das obras Renascentistas, passando por diversas mudanças no decorrer do processo social e cultural europeu. Nesse percurso, o \"estilo tardio\" encontra uma formulação singular a partir de Theodor W. Adorno, que moderniza o conceito partindo das últimas composições de Beethoven, remodelando-o através das experiências da arte modernista do século XX. A crítica especializada sobre Die Betrogene levanta a hipótese acerca de um possível \"estilo tardio\" criado nos últimos anos da vida de seu escritor, entre 1947 e 1955. Para investigar esta hipótese, realizou-se uma leitura cerrada do texto literário, a qual demonstrou na novela um novo modo de trabalhar literariamente a tradição. No lugar da simples reafirmação - que indicaria uma resignação passadista -, a obra recupera, modula, ironiza e critica as convenções, a fim de extrair delas alguma contundência histórica, que reabilitaria temas literários como o Amor, a Doença e a Natureza - refrações da estética romântica -, ao mesmo tempo que denuncia seu anacronismo na \"era dos extremos\". Tratando-se de um escritor realista, o reencontro com o Romantismo não poderia ocorrer sem ironias, mas o \"estilo tardio\" desestabiliza até mesmo esta negação irônica, superando dialeticamente [aufheben] a tradição enquanto momento do passado, tornando-a pertinente para a crítica cultural do presente.