A codificação linguística do espaço em Dâw

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Obert, Karolin
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8139/tde-23102019-173847/
Resumo: Levinson (2003) demonstra que diferentes grupos sociais fazem uso de referências espaciais distintas, gerando assim um impacto na codificação linguística da informação espacial. Considerando essa variabilidade linguística, é necessário refletir sobre os domínios espaciais que podem se manifestar na gramática de uma língua. Segundo Levinson e Wilkins (2006, p. 2), esses domínios consistem em relação topológica, que indica a coincidência entre Figura (objeto a ser localizado no espaço) e Fundo (ponto de referência para a localização da Figura), e, em um sistema de frames of reference, isto é, um sistema de coordenação quando Figura e Fundo estão distantes no espaço. O terceiro domínio se refere à situações de movimento, descrevendo o deslocamento de uma Figura em relação a um determinado Fundo. Sendo assim, surge o questionamento: em quais classes formais esses domínios espaciais são expressos nas línguas e quais são os padrões semânticos que esses recursos expressam? Sendo assim, a pesquisa focou (1) na identificação e na descrição das estruturas gramaticais e lexicais para codificar referências espaciais e, (2) na revelação dos padrões semânticos das estruturas identificadas na língua Dâw (família linguística: Naduhup, AM). Verificamos, portanto, que um dos recursos principais para expressar a relação entre Figura e Fundo em Dâw, entre outras, é o uso de predicados complexos que consistem em um rico inventário de verbos locativos (postura, posição e movimento), fazendo referência à propriedades intrínsecas da Figura e à relação topológica entre Figura e Fundo. Além disso, identificamos um complexo sistema de posposições locativas, cuja escolha, em alguns casos, é motivada por propriedades físicas inerentes do Fundo. Além do mais, verificamos um sistema de classes de nomes distinguindo-os em what-nouns e where-nouns. Isto é, a primeira classe inclui nomes que são intrínsecos a objetos enquanto where-nouns denotam lugares. Essa distinção se manifesta na codifcação sintática dos adjuntos locativos, expressando a noção de Fundo nas cláusulas locativas. Apresentaremos, então, um recorte gramatical da língua Dâw com ênfase nas classes formais, onde noções espaciais se tornam visíveis.