"Câncer infantil e resiliência: investigação fenomenológica dos mecanismos de proteção na díade mãe-criança".

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2006
Autor(a) principal: Teles, Shirley Santos
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/59/59137/tde-23032006-104418/
Resumo: O presente estudo tem o objetivo de compreender o que mães e crianças percebem a partir de suas vivências com o câncer, que pôde contribuir para o enfrentamento da situação de doença, tratamento e hospitalização. O método utilizado foi o fenomenológico-existencial. O estudo foi desenvolvido no “Ambulatório de Curados" do Serviço de Oncologia Pediátrica do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto – Universidade de São Paulo e contou com a colaboração de nove crianças com idades entre 6 e 11 anos, com diagnósticos diversos, e suas respectivas mães. Foi realizada uma entrevista com cada mãe a partir da questão norteadora “Como foi o tratamento do seu filho?"; e com cada criança “O que você lembra do seu tratamento?". A análise das entrevistas foi construída seguindo os passos propostos por Martins, Bicudo (1989) e Valle (1997), revelando-se três grandes categorias temáticas das falas das mães: a trajetória da doença e o tratamento, que coincide com o que já há descrito na literatura; condições que auxiliaram no enfrentamento do adoecimento: fé em Deus, equipe multidisciplinar, família, amigos, órgãos municipais, as outras mães, o brincar e ajuda da professora; e o momento atual, fora de tratamento. As falas das crianças também se mostraram em três grandes categorias temáticas: trajetória da doença e tratamento; situações que auxiliaram no enfrentamento da situação de adoecimento: família nuclear e estendida, equipe multidisciplinar, voluntárias e professor; e o momento atual, fora de tratamento. Para a compreensão das falas foi utilizado como referencial teórico algumas idéias do filósofo Martin Heidegger e autores que se fundamentaram nele. Pode-se concluir que frente a um mecanismo de risco, como a doença, mães e crianças se apropriaram de mecanismos de proteção, que auxiliaram no enfrentamento da doença, como a fé e o brincar, além de recursos externos como uma rede social de apoio, como a equipe, as voluntárias, a família, os amigos e as outras mães que estavam vivenciando a mesma situação. Fenomenologicamente, mães e crianças enfrentaram a situação de doença sendo-com o outro, estabelecendo relações autênticas de cuidado com os outros e entre eles (mães e filhos). E estas relações autênticas de cuidado só foram possíveis nos momentos em que ambos estavam inteiros na relação, ou seja, estavam verdadeiramente sendo-com o outro, pois só assim o indivíduo consegue percebe as reais necessidades do outro, podendo ajudar verdadeiramente.