Do teórico ao estético: imaginação e esquematismo na filosofia de Kant

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Oliveira, Eliakim Ferreira
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8133/tde-20032024-103124/
Resumo: O problema sobre o qual nos debruçamos nesta dissertação é aquele concernente ao papel da imaginação na constituição do conhecimento e na experiência estética. A pergunta que nos guia pode ser formulada da seguinte maneira: no interior do pensamento de Kant, que condições permitem que a imaginação seja invocada tanto em vista da compreensão da cognição quanto em vista da compreensão da contemplação estética? O problema que nasce dessa pergunta é aquele do papel da imaginação no esquematismo de conceitos puros do entendimento, tal como apresentado na Crítica da Razão Pura, e o que se deve entender por um \"esquematizar sem conceitos\", como aquele de que depende a reflexão estética, na Crítica da Faculdade de Julgar. Desse problema derivam os subproblemas do que seja o próprio esquematismo, da relação entre o esquematismo e a síntese da imaginação e, por fim, o subproblema da identidade entre o esquematismo em sua expressão cognitiva e o esquematismo em sua expressão estética. Em cada um dos cinco capítulos que compõem esta dissertação será desenvolvida uma resposta a cada um desses problemas, tomados como camadas para o aprofundamento da resposta àquela pergunta mais geral sobre a imaginação. As teses fundamentais que nós defendemos dizem respeito ao papel essencial da imaginação em cada uma dessas atividades esquemáticas, que expressam respectivamente o seu caráter teórico e o seu caráter estético. No que respeita ao esquematismo cognitivo, defendemos a tese, em consonância com a de alguns intérpretes, de que o esquema não é tanto uma mera representação produzida pela imaginação, mas é o produto de um procedimento dessa faculdade, mais exatamente o produto do caráter espontâneo dela. O esquema é a determinação transcendental do tempo a partir de uma síntese a priori da imaginação. O esquema resulta, desse modo, de um procedimento que se vincula à síntese figurativa como exposta na Dedução. Essa síntese, voltada ao sentido interno (que é a condição de todos os nossos conhecimentos), realiza-se segundo a unidade da categoria, que é, no mesmo processo, exposta na intuição, quer dizer, exposta no próprio sentido interno, a saber, o tempo. Essa determinação do tempo por uma síntese da imaginação segundo a unidade da categoria como que traduz a unidade da categoria em padrões temporais, portanto, em um vocabulário sensificante. A categoria é então sensificada No que respeita ao esquematismo sem conceitos, da experiência estética, defendemos que, não havendo, na reflexão estética, um conceito determinado que dê unidade ao julgamento de gosto, a sensificação deve restringir-se à sensificação da mera unidade de composição, sem a qual não é possível a própria unidade do juízo de gosto. Nesse caso, está em processo a sensificação não de um conceito determinado, mas sim da representação daquela unidade de composição de que depende o juízo de gosto, que deve ser a própria regra buscada pela faculdade de julgar reflexionante, e que se vincula à finalidade subjetiva pela qual essa faculdade é guiada. É preciso que a imaginação atue, nesse processo, na própria manutenção do estado mental sem o qual a unidade do juízo de gosto não se apresenta no próprio sentimento, que se funda, por sua vez, nesse mesmo estado mental, representado pelo predicado do juízo de gosto.