Quando a favela é extensão da universidade: o Programa Avizinhar em meio às relações entre a USP e a São Remo

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: Rocha, Mariana Machado
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
USP
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/48/48134/tde-01112016-105256/
Resumo: O propósito da presente pesquisa é apresentar uma reconstrução dos elementos da história do Programa Avizinhar (1998 2007), sua origem, suas transformações e as circunstâncias de seu fim, e verificar a percepção dos atuais moradores da Favela São Remo, contígua ao câmpus Butantã da Universidade de São Paulo, os quais foram o público alvo deste projeto, a respeito das relações que se estabelecem entre a São Remo e o espaço universitário uspiano, compreendendo a variedade de olhares que lançam sobre essas interações a partir de suas memórias sobre os contextos que originaram o Avizinhar e outros elementos presentes nessa relação. Na primeira parte, foram analisados documentos diversos do Programa Avizinhar, como relatórios anuais oficiais do Programa; ofícios; cartas; e-mails; diários de campo dos educadores e estagiários; ocorrências internas da Guarda da Universidade de São Paulo (USP); entre outros, e realizadas entrevistas com profissionais da CECAE (Coordenadoria Executiva de Cooperação Universitária de Atividades Especiais) e do Avizinhar que ajudaram na interpretação dos dados obtidos nos documentos. Na segunda parte, foram realizadas entrevistas com moradores da São Remo, ex-participantes do Programa. Estas tiveram como objetivo, a partir das memórias desses participantes, compreender: sua perspectiva acerca dos sentidos de sua participação no Avizinhar, quais as relações que eles tinham com a Cidade Universitária antes e durante a participação, o que pensam sobre a forma como se estabelecem as relações entre a USP e a São Remo e que percepção eles têm de fatores que os aproximam e que os distanciam da USP enquanto universidade. Foi verificado que o Avizinhar pode ser compreendido em dois níveis, um do ponto de vista institucional e outro na perspectiva dos funcionários, ou seja, apesar dos inúmeros conflitos existentes em torno desta iniciativa no interior da universidade, a equipe que esteve envolvida com o seu desenvolvimento forjou uma maneira inovadora de relação estabelecida entre a USP e a favela vizinha ao câmpus. As entrevistas com os participantes trazem suas memórias sobre o Avizinhar, que destacam a importância da sociabilidade no Programa, revelam que o câmpus era entendido e frequentado principalmente como um espaço da lazer, no entanto eles eram recebidos de forma hostil pela guarda universitária. Ainda a partir das memórias dos jovens, foi possível identificar marcas que as interações entre a USP e a São Remo deixaram no território, bem como verificar a complexa percepção dos participantes com relação à USP, que é ao mesmo tempo ameaça e aliada e que se encontra perto mas ainda inacessível.