Efeitos de uma intervenção cognitivo comportamental em grupo para pacientes hipertensos atendidos em serviços de atenção primária de Ribeirão Preto/SP

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2012
Autor(a) principal: Rani, Ana Cristina Zordan
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/59/59137/tde-11102013-150917/
Resumo: As doenças cardiovasculares (DCVs) lideram o ranking de causas de mortes em países desenvolvidos, produzindo custos socioeconômicos elevados. Dentre os fatores de risco para as DCVs, a hipertensão arterial sistêmica (HAS) surge como uma das principais causas para seu desenvolvimento. Estima-se que, no Brasil, a prevalência da HAS em adultos ultrapasse os 30%, o que a torna um grave problema de saúde pública, sendo seu controle uma das áreas prioritárias de atendimento dos Serviços de Atenção Primária à Saúde. Pelo fato da HAS possuir evolução silenciosa e lenta, os pacientes muitas vezes negligenciam sua condição deixando de seguir o tratamento proposto. Além disso, fatores psicológicos como depressão, ansiedade e estresse podem interferir, tanto no surgimento da HAS como na adesão ao tratamento. A falta de adesão à terapêutica, seja ela medicamentosa ou não, torna-se um problema para os profissionais de saúde. Diversos estudos mostram a importância de intervenções psicológicas para a implantação de mudanças e manutenção de comportamentos que interferem no controle da HAS. O objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito de uma intervenção cognitivo comportamental sobre a pressão arterial (PA), as variáveis psicológicas, o índice de massa corporal (IMC), o comportamento alimentar e a atividade física de hipertensos atendidos em Serviços de Atenção Primária da cidade de Ribeirão Preto/SP. Participaram deste estudo 84 pacientes que foram avaliados utilizando-se entrevista semi-estruturada, Inventário de Sintomas de Stress para Adultos de Lipp (ISSL), Inventário de Depressão de Beck (BDI) e Inventário de Ansiedade de Beck (BAI). Os pacientes foram submetidos a uma avaliação inicial e uma avaliação final, para que posteriormente os dados das duas avaliações pudessem ser comparados. Entre uma avaliação e outra os pacientes foram divididos em dois grupos: Grupo de Terapia Cognitivo Comportamental (GTCC) e Grupo de Orientação (GO). Vinte e dois pacientes frequentaram os grupos propostos, sendo 11 do GTCC e 11 do GO, enquanto 62 não participaram de quaisquer grupos. Os resultados mostraram que não houve diferença estatística significante entre o GTCC e o GO, o que pode estar relacionado ao baixo número de participantes. Quanto às características sócio demográficas (n=84) observou-se que a maioria era do sexo feminino (76,2%), com idade superior a 50 anos, com companheiro (60,7%), com nível de escolaridade até o ensino fundamental completo (53,6%), sem emprego ou aposentados (60,7%) e com renda familiar superior a três salários mínimos (62,0%). Observou-se ainda que a maioria apresentava IMC acima da taxa de normalidade (75,0%) e não praticava atividade física (64,3%). Tinham sua PA controlada 54,8% dos sujeitos e 94% faziam uso de medicação. Quanto aos fatores psicológicos, 53,6% apresentavam sintomas de estresse, 20,2% obtiveram pontuação do BDI que indicava sintomas de transtorno depressivo e 23,8% apresentavam sintomas ansiosos. Considerando-se a baixa frequência de participação nos grupos buscou-se também avaliar a não adesão ao tratamento proposto. Comparando-se os participantes que aderiram aos grupos (n=22) com aqueles que não aderiram (n=62) observou-se diferença estatística significante quanto ao sexo, estado civil, escolaridade, renda familiar, diabetes melittus, conhecimento da PA, conhecimento da PA tida como normal e presença de estresse. No Grupo Adesão houve predomínio de participantes do sexo feminino (95,5%), sendo que a maioria não possuía companheiro (59,1%), tinha nível de escolaridade elevado (72,7%) e possuía renda familiar superior a três salários mínimos (77,3%). No que se refere ao conhecimento e manejo da HAS, no Grupo Adesão, 100% dos participantes conheciam a sua PA após os encontros grupais. Quanto à presença de estresse, houve diminuição de 59,1% para 31,8% entre aqueles indivíduos que aderiram ao tratamento proposto. Os dados indicaram que as mulheres procuram mais os serviços de saúde e que o nível de escolaridade e a renda familiar elevados podem favorecer a adesão ao tratamento. A análise qualitativa dos motivos para a não adesão mostrou que a \"falta de tempo\" foi o principal motivo que dificultou a presenças dos pacientes nos grupos. De maneira geral, os participantes do estudo acreditaram que o \"desinteresse com a própria saúde\" foi o principal fator que interferiu na adesão aos grupos. As principais sugestões dos pacientes para melhorar a adesão estão relacionadas a mudanças na estrutura dos grupos. Os dados deste estudo podem ter sido comprometidos pelo baixo número de participantes nos grupos; o GTCC não favoreceu mais mudanças comportamentais do que o GO, o que indica que uma intervenção tão elaborada pode não ter uma boa relação custo benefício. Variáveis que não foram controladas podem ter favorecido as mudanças observadas no GO. Como alternativa para aumentar a adesão aos grupos pode-se propor telefonemas semanais aos pacientes, folhetos informativos, atenção da equipe multidisciplinar, auxílio da instituição de saúde na divulgação dos encontros e mudança do nome do grupo. Contudo, para a adequação desta intervenção cognitivo comportamental, novos estudos precisam ser realizados com amostras compostas por um maior número de sujeitos.