Um estudo sobre o adiamento da maternidade em mulheres contemporâneas

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2012
Autor(a) principal: Lima, Maria Galrão Rios
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47133/tde-22082012-144251/
Resumo: A possibilidade do controle feminino sobre a reprodução, de escolha ou não pela maternidade, do número de filhos e de quando tê-los, se coloca como um fenômeno que vem se consolidando ao longo do tempo, acompanhando as diversas transformações na família, no casamento, na maternidade e na paternidade. Cresce, nesse contexto, o número de mulheres que postergam a maternidade para idades cada vez mais avançadas. Tal fenômeno vem muitas vezes carregado de idealizações e de desconhecimento, o que pode gerar a ilusão de um controle que não necessariamente equivale às vivências reais. O objetivo geral desta tese é o de investigar o fenômeno do adiamento da maternidade, na sociedade atual, com base nas vivências de mulheres de dois diferentes grupos que optaram por ter o primeiro filho depois dos trinta e cinco anos: aquelas que conseguiram e aquelas que não, seja porque ainda estivessem tentando, seja porque houvessem desistido. Como objetivo específico, pretende-se pensar a influência dos fatores conjugalidade, carreira profissional e história de vida, nas famílias de origem na determinação desse tipo de escolha. Para tanto, foram realizadas, a partir de uma metodologia clínico-qualitativa, a aplicação das pranchas 1, 2, 7MF, 10 e 16 do TAT, além de uma entrevista semidirigida, com oito mulheres quatro pertencentes a cada grupo com idades entre trinta e seis e quarenta e um anos, em um relacionamento estável, com mais de oito anos de escolaridade, habitantes da região metropolitana de São Paulo. Os dados foram analisados de acordo com o referencial psicanalítico, levando-se em conta, também, aspectos históricos e psicossociais que influenciam o fenômeno. Os resultados são apresentados de acordo com as seguintes categorias de análise: a experiência do adiamento da maternidade; a maternidade, como experiência para aquelas que se tornaram mães, e como experiência projetada, para aquelas que não se tornaram mães; conjugalidade; carreira profissional; relação com a própria mãe e conjugalidade dos pais; e a questão do poder. Conclui-se que o fenômeno do adiamento da maternidade, na sociedade contemporânea, mostra-se complexo e imerso em uma multiplicidade de significados. Em meio às especificidades de cada caso, algumas aproximações puderam ser feitas entre as experiências das mulheres dos dois grupos, especialmente no que diz respeito à valorização e idealização da conjugalidade, percebida inclusive como mais importante que o desenvolvimento de uma carreira profissional, bem como a possibilidade de integração dos aspectos que concernem ao poder em relação ao corpo e ao controle da reprodução por meio dos binômios: onipotência/impotência e elementos femininos/masculinos puros na mulher contemporânea, de um ponto de vista winnicottiano. As divergências mais marcantes entre os dois grupos se referem sobretudo à relação estabelecida com as próprias mães, além da conjugalidade dos pais. A postergação da maternidade, fenômeno tão atual e com potencial para mobilizar tantas angústias e sofrimentos, pode ser vivenciada pelas mulheres contemporâneas de maneira mais ou menos saudável ou criativa, com uma maior ou menor capacidade de integração da ambivalência, a depender dos recursos psíquicos individuais e do legado geracional