Resumo: |
O conselho dos índios Waiãpi, APINA, foi registrado em cartório no ano de 1996. Seu registro é apenas uma fase do processo histórico que teve início com as discussões sobre a demarcação da Terra Indígena na década de 80. A intensificação do contato desse grupo indígena com não-índios fez com que essa população se organizasse com auxílio de assessores não-índios e fundasse um instrumento de reivindicação política legitimado pelos não-índios, o conselho. Nesta dissertação, discuto o lugar desse conselho na política interna Waiãpi, sua relação com o projeto de formação de professores índios e a incorporação e resignificações que os Waiãpi vêm fazendo sobre o conselho indígena. Procuramos demonstrar neste trabalho as implicações entre a forma de organização política não-índia, entendida como organização que visa a trabalhar em prol de toda a população por meio de representantes escolhidos, e as formas de relação e organização política Waiãpi na definição da organização e estrutura do Conselho Apina. Procuramos demonstrar também que a necessidade de qualidades específicas, como o domínio do Português falado e escrito, para atuar em novos fóruns de representação, como o Apina, produz uma diferenciação entre os Waiãpi. Esta dá suporte a uma nova forma de disputa pela posição de liderança: a disputa entre jovens e velhos chefes tradicionais. A disputa se faz possível porque os novos fóruns possibilitaram que outras qualidades, como o domínio do Português falado e escrito, fossem adicionadas àquelas que tradicionalmente qualificam a chefia Waiãpi. |
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