Kuxima paá, dizque antigamente: um primeiro olhar para fenômenos de contato linguístico com o nheengatu no português falado em São Gabriel da Cachoeira (AM)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Gomes, Mariana Payno
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8139/tde-29112024-110653/
Resumo: Esta pesquisa de mestrado investiga fenômenos do contato linguístico entre o nheengatu, língua da família Tupi-Guarani, e o português brasileiro falado na cidade de São Gabriel da Cachoeira (AM). Mais especificamente, descrevo e analiso o uso da expressão dizque como um recurso discursivo, marcador da fonte da informação na narração de histórias, que possivelmente emergiu do contato com a língua indígena. Versão moderna da língua geral amazônica, o nheengatu foi a língua franca e majoritária da região amazônica até o final do século 19, sendo amplamente utilizado por todos os membros do sistema colonial, e hoje é falado principalmente pelos povos Baré, Baniwa e Warekena, em substituição ou junto às suas línguas tradicionais, na região do alto rio Negro. As peculiaridades da atual situação de contato com o português, a ecologia multilíngue da região e os fenômenos linguísticos aqui descritos não se dissociam da história de formação, expansão e retração da língua geral amazônica durante a colonização motivo pelo qual começo lançando um olhar para essa história. Pelo entendimento da importância dessa ecologia externa para a compreensão de fenômenos de contato entre línguas, baseio a análise linguística na teoria da evolução linguística, da ecologia do contato e da seleção e competição de traços de Mufwene (2001; 2008), contrapondo-a a abordagens tradicionalmente adotadas nessa área de estudos no Brasil e aliando-a a um viés epistemológico que considere as maneiras locais de produzir e transmitir conhecimento por meio das línguas. Apresento brevemente o trabalho de campo e o perfil socioantropológico de meus colaboradores, além do método de transcrição das gravações prosódico-pragmático, inspirado no projeto C-ORAL-Brasil. Com base no modelo de banco de traços de Mufwene (2001; 2008), descrevo as características gramaticais, prosódicas e discursivas do evidencial paá do nheengatu e da expressão diz que do português brasileiro, propondo a emergência de novos usos de dizque no português falado por pessoas Baré e Baniwa em São Gabriel da Cachoeira