Unificar para conquistar ou conquistar para unificar? : reorganização do poder faraônico e elites militares (1550-1425 a.C.)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Pires, Rafael dos Santos
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8138/tde-19052021-171336/
Resumo: Nesta dissertação, nós nos voltamos aos processos de unificação e conquista que se desenvolveram no Egito do Reino Novo inicial (c. 1550-1425 a.C.). Apesar de ambos os temas terem sido alvos constantes de pesquisas, nossa proposta busca oferecer uma interpretação mais nuançada sobre o Estado egípcio, principalmente sobre a Coroa, e sua capacidade de controle do território. Para tanto, optamos pela análise conjunta de inscrições em monumentos reais e privados, nomeadamente aqueles que se encontram em contextos classificados como religiosos e funerários e que apresentam alguns títulos e conexões dos indivíduos retratados. Através da análise crítica do discurso foi possível perceber como esses monumentos imbuem em si também elementos tidos por nós como políticos, econômicos, diplomáticos, militares etc., o que acaba por questionar as dicotomias transferidas por nós ao mundo antigo: público e privado, religiosos e político, verdade e mito. Dentro de nosso corpus documental principal (objetos e fontes que pertenciam ou mencionam oficiais e reis do Reino Novo inicial) observamos que outro elemento bastante presente é o de caráter militar. Contudo, ele não aparece somente em nosso entendimento tradicional, isto é, em representantes de forças armadas comentando sobre guerras, vitórias e dominações. O caráter militar se encontra no próprio processo de legitimação do rei, nas construções dos discursos religiosos e mesmo em elementos da administração civil, abrindo caminho para a abrangência do que chamamos ao longo do trabalho de elites militares. Dentro desta perspectiva, vemos o militar como um importante aspecto na construção do Estado unificado e na expansão do Egito, responsável por fazer com que os mecanismos relacionados à dominação, economia e diplomacia funcionem de modo mais favorável ao Egito. Para analisar essas esferas e suas conexões com o militar, optamos por fazer uso da Antropologia Política, da História Política e de teorias de economia simbólica e distributiva a fim de compreender como os fenômenos relacionais entre Estado e comunidades locais, entre o Egito e demais áreas e entre as próprias elites (incluindo aqui a Coroa faraônica) funcionavam em um processo de mão dupla. A partir desses elementos também foi possível concluir que a Coroa egípcia atuava como um símbolo unificador do território egípcio e não como exemplo do que seria uma monarquia despótica asiática. Além disso, foi possível que o processo de unificação faz parte do processo de conquista, deixando de lado uma visão teleológica do Egito como um Estado unificado e o observando como o resultado da conquista do Baixo Egito pelo Alto Egito. A partir da análise das relações de poder entre os diversos setores que passam a compor a realidade egípcia no contexto do Reino Novo inicial, acreditamos que o poder se torna cada vez mais pulverizado.