Entre fios, tramas e nós: a reescrita e seus indícios acerca da relação entre linguagem e subjetividade

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Costa, Raquel Lima Silva
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/48/48138/tde-17122024-095129/
Resumo: Reescrever é ato pelo qual o sujeito (en)fia(-se) (n)a linguagem, de modo a operar experimentações linguístico-discursivas as mais diversas. Ao fazê-lo, traça a trama e constituise subjetivamente. Em seu percurso, por sua vez, deixa vestígios, na materialidade textual, das hesitações e decisões que circundam o exercício da escrita. Há, portanto, no processo de urdidura textual, algo que resta. O caráter indiciário desse algo que textualmente sobeja aponta para a relação entre linguagem e subjetividade. Tendo isso em conta, propusemo-nos a compreender as implicações da reescrita para a escrita de estudantes cursantes do ensino médio técnico de uma instituição federal de ensino, por meio da análise de dossiês genéticos por eles produzidos no contexto de um projeto de escrita. Tivemos por objetivos: i) descrever e analisar processos de reescrita (acréscimo, exclusão, deslocamento e substituição) e as operações linguísticas a eles atrelados; ii) depreender efeitos de sentido vinculados às operações linguísticas; iii) discutir indícios de subjetividade na superfície textual; e iv) traçar hipóteses e proposições pedagógicas no intuito de contribuir com o ensino-aprendizagem da língua materna. Mobilizamos autores que: a) pensam a escrita como processo (Calkins, 1989; Fiad, 2006; 2009); b) compreendem a constituição subjetiva como efeito da linguagem e seus equívocos (Lacan, 1998; 2008; Riolfi, 2003; 2006, 2011); c) investigam o percurso textual, desde versões embrionárias até uma versão final (Grésillon & Lebrave, 1989; Grésillon, 2007). Nossas lentes ancoraram-se nos pressupostos da Crítica Genética (Grésillon, 2007), e no paradigma indiciário (Ginzburg, 1989), cujos preceitos metodológicos nos forneceram bases para análise e interpretação do movimento heterogêneo e recursivo, característico da reescrita. Nossa empreitada permitiu-nos observar: 1. a reescrita é palco onde os sujeitos experimentam recursos linguageiros no intuito de driblar o equívoco constitutivo da língua; os sujeitos, nesse cenário, implicam-se na ficção textual e no trabalho de escrita (Riolfi, 2003; 2006); 2. o trabalho de escrita, por sua vez, se dá por intensa atividade criativa, de natureza epilinguística e parafrástica; 3. os sujeitos, no processo de urdidura textual, lançam mão de todos os processos de reescrita, explorando estratégias linguísticas e efeitos semânticos múltiplos; 4. o trabalho com versões de texto em sala de aula pode deixar ver indícios da relação entre linguagem e subjetividade.