Fatores prognósticos da ressuscitação cardiopulmonar pediátrica no hospital

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Sakano, Tânia Miyuki Shimoda
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5141/tde-26042023-125225/
Resumo: Introdução: A sobrevida da ressuscitação cardiopulmonar (RCP) pediátrica hospitalar vem aumentando nos países desenvolvidos, mas os estudos em países em desenvolvimento são escassos. Além disso, os fatores prognósticos associados à sobrevida e desfecho neurológico não estão esclarecidos. Métodos:Trata-se de um estudo observacional baseado em um registro prospectivo de RCP no estilo Utstein em um hospital de alta complexidade. O objetico primário foi analisar os fatores associados à sobrevida e ao desfecho neurológico após 180 dias. O objetivo secundário foi comparar a sobrevida e o desfecho neurológico com o estudo anterior realizado no mesmo hospital há 20 anos. Foram incluídos pacientes < 18 anos submetidos à RCP de janeiro de 2015 a dezembro de 2020. A função neurológica foi avaliada nos períodos pré-RCP, na alta e após 180 dias através da análise de prontuário e entrevistas com familiares e profissionais de saúde envolvidos no cuidado e registradas de acordo com a Pediatric Cerebral Performance Categories (PCPC). Para análise estatística, utilizou-se o teste qui-quadrado ou o teste exato de Fisher para as variáveis categóricas. O modelo de regressão logística univariada e multivariada foi aplicado à análise de fatores associados à sobrevida na alta e após 180 dias. Resultados: Entre os 323 pacientes submetidos à RCP, 108 (33,4%) apresentaram sobrevida à alta hospitalar e 93 (28,8%) após 180 dias. Condições crônicas complexas (CCC) foi encontrada em 311 pacientes (96,3%). Os fatores associados à menor sobrevida na alta na análise multivariada foram a doença hepática (OR:0.060, 95%IC 0,007-0,510, p=0,010), choque como causa precipitante da RCP (OR:0.183, IC95%0,069-0,486, p=0,001), infusão de droga vasoativa pré-RCP (OR:0.145, 95%IC 0.065-0,325, p<0,001), uso de bicarbonato durante a RCP (OR:0.318, IC95% 0,130-0,780, p=0,012) e duração prolongada da RCP (OR:0.070, IC 95% 0,014-0,344, p=0,001). Os mesmos fatores permaneceram associados à menor sobrevida após 180 dias. Disfunção neurológica (PCPC 3) foi observada em 30,8% das crianças. O prognóstico neurológico foi favorável em 79,7% na alta e 76,1% após 180 dias. Os fatores associados ao prognóstico neurológico favorável após 180 dias na análise multivariada foram: idade > 1 ano (OR: 23.894, IC 95% 2.735-208.735, p=0,004) e não administração de drogas vasoativas pré-RCP (OR:4.518, IC95%1.116-18.291, p=0,035). O desfecho neurológico desfavorável ocorreu em 5,5% (N=5) entre a alta hospitalar e 180 dias. Comparando-se o presente estudo com o anteriormente realizado no mesmo hospital e publicado em 2002, houve redução na incidência de RCP (21,4/1000 internações no estudo anterior versus 5.1-8.2/1000 internações no presente). Também houve aumento da sobrevida à alta (16,3 vs 33,7%) e após 180 dias (15,5 vs 29,1%), respectivamente para o estudo de 2002 e atual. Conclusão: Os fatores associados à menor sobrevida da RCP em pacientes pediátricos em hospital de alta complexidade foram: doença hepática, choque como causa precipitante da PCR, infusão de drogas vasoativas pré-RCP, uso de bicarbonato durante a RCP e RCP prolongada. O prognóstico neurológico foi favorável na maioria dos sobreviventes. A idade > 1 ano e a não administração de drogas vasoativas pré-RCP estiveram associadas a um prognóstico neurológico favorável. A sobrevida após PCR hospitalar em crianças com CCC melhorou significativamente ao longo do tempo