Resumo: |
Esta dissertação tem como objetivo principal a análise dos romances Mistérios de Lisboa (1854) e Livro Negro de Padre Dinis (1855) de Camilo Castelo Branco. Em nossa leitura, os penitentes são os personagens principais desses livros. Partindo desta premissa, procuramos descobrir por que eles ocupam papel de destaque nessas obras e o que eles poderiam representar. Para alcançarmos o primeiro desses objetivos, apresentaremos um panorama da ascensão do romance em língua portuguesa, bem como a situação do mercado editorial português do século XIX. Em relação ao segundo, mostraremos como o catolicismo foi preponderante na história de Portugal, inclusive na formação do reino. A hipótese levantada neste estudo é a de que Camilo dialoga com uma tradição de outros textos que têm como foco o catolicismo e uma visão messiânica. Ao seguir esse modelo, o autor foi capaz de transformar esses dois livros em sucessos comerciais. Defendemos que os penitentes são uma alegoria de Portugal. Sendo assim, da mesma maneira que eles precisam cumprir sua expiação e seguir a orientação divina, Portugal também precisaria receber o castigo divino e seguir os passos futuros indicados pela Providência. Inseridos em contextos de dissolução, em que vemos a passagem do Antigo Regime para a Idade Contemporânea, os penitentes podem ter representado um amparo para uma parte considerável do público leitor português da primeira metade do século XIX, que se sentia temeroso em relação às mudanças profundas que ocorreram. Inicialmente, a dissertação continha um breve cotejo com o romance brasileiro O Ermitão do Muquém (1869) de Bernardo Guimarães, que também tem um penitente como protagonista. Contudo, seguindo o parecer da banca, esta parte foi retirada |
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