Os Blues Poems de Langston Hughes: por uma tradução musicada

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Oliveira, Pedro Tomé de Castro
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8160/tde-21072017-161649/
Resumo: Se a tradução envolve leitura e reescrita, nós poderíamos questionar o modo como se lê antes de questionar o modo como se reescreve. A tradução de poesia parece continuamente lidar com problemas de ritmo, rima, sintaxe, sentido, registro linguístico. Mas e se o tradutor, entendendo a leitura como performance, recolocar tais questões sob a perspectiva de outra mídia, que possa libertá-lo das restrições da escrita? O pesquisador Peter Low (2003) provoca os tradutores de poesia a se questionarem se desejam que seus textos sejam vocalizados (recitados, musicados etc.), e não apenas lidos silenciosamente. Haveria, então, uma alteração funcional e, consequentemente, um texto de chegada com um skopos diferente (REISS e VERMEER, 1996). Trata-se de trabalhar com a força latente da voz no texto; com uma possibilidade de performance inscrita na mídia escrita: a vocalidade, como coloca Paul Zumthor (1993). O poeta negro estadunidense Langston Hughes (1902-67) escrevia poemas semelhantes a letras de blues e recitava seus versos no ato da criação, o que pode sugerir algo a respeito de um possível modo de ler, absorver e recriar sua poesia em outra língua. Nosso objetivo, portanto, é traduzir seus poemas de blues ao cantá-los e tocá-los no violão. As canções de blues resultantes, em português, estão registradas em CD que foi inserido como apêndice da tese. Nosso método consiste em musicá-los enquanto os traduzimos, pois a simultaneidade dos processos é precisamente aquilo que interfere nas escolhas linguísticas, influenciando aspectos de ritmo, sintaxe, sentido etc. Nossa hipótese envolve, então, a questão de como os modos de dizer da canção popular, numa dada língua-cultura, determinariam o resultado da tradução. Essa experimentação deve, segundo esperamos, contribuir para os Estudos da Tradução por redimensionar alguns aspectos do texto de acordo com a dinâmica da vocalização. Esses resultados são tanto acadêmicos, em termos da discussão sobre a própria tradução, quanto artísticos, como música de blues composta para o público brasileiro, apresentando Langston Hughes, relativamente pouco conhecido e traduzido no Brasil, na forma de um gênero musical que é amplamente disseminado por aqui.