Resumo: |
A presente dissertação atém-se, ao fazer uso do método de abordagem comparativista, à experiência da cumplicidade entre os irmãos protagonistas do conto de fadas João e Maria (versão de Jacob e Wilhelm Grimm) e do filme iraniano Filhos do paraíso (direção de Majid Majidí [1998]). Apesar de estarem situados em diferentes contextos histórico-político-culturais, os casais de irmãos apresentados no conto e no longa-metragem superam a situação de extrema pobreza material em que vivem, bem como as adversidades a eles impostas pelos adultos. Para a realização da pesquisa, realizou-se um estudo acerca da poética e do alcance de trabalho dos irmãos Grimm e de Majid Majidí. As narrativas literária e cinematográfica ganham ora análises isoladas ora conjugadas, a fim de se observar, nesta correlação, as especificidades e as similaridades no tocante aos vínculos construídos pelos protagonistas das duas obras. Inúmeras são as adaptações literárias, em língua portuguesa, para \"João e Maria\", as quais atestam a relevância do clássico na perene formação do imaginário da criança, ao mesmo tempo em que abarcam o tema conflituoso da separação e do abandono no seio familiar; as produções de Majidí e demais cineastas iranianos que retrataram o lugar cultural das crianças no Oriente Médio manifestam, em meio à severa censura do regime político, a restrição econômica em consórcio com a inocência e os prematuros compromissos na fase da infância. Dentre os pressupostos teóricos e aportes críticos evocados no curso da dissertação, estão os de Vladimir Propp, Nelly Novaes Coelho e Maria Tatar, na área de literatura, e os de Jacques Aumont, Alessandra Meleiro e Marcel Martin na área do cinema. |
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