Associação da apneia obstrutiva do sono, duração do sono e insônia com marcadores inflamatórios, metabólicos e pró-trombóticos: dados da coorte ELSA-Brasil

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Silva, Wagner Alves
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5131/tde-10032020-163102/
Resumo: Introdução: A apneia obstrutiva do sono (AOS) pode contribuir para a desregulação metabólica, inflamatória e pró-trombótica, porém estudos anteriores não consideraram outras condições/distúrbios de sono, tais como a duração do sono, eficiência do sono e presença de insônia, como possíveis fatores de confusão. Métodos: Participantes consecutivos não diabéticos de meia-idade do Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto (ELSA-Brasil) foram convidados a realizar uma avaliação clínica incluindo interrogatório sobre a presença de insônia, monitorização portátil do sono para avaliação da AOS por 1 noite e actigrafia do punho por 7 dias para a determinação da duração e eficiência objetivas do sono. AOS foi definida por um índice de apneia-hipopneia >= 15 eventos / hora. Os participantes foram estratificados de acordo com a presença de AOS comparando os dados dos seguintes marcadores: glicemia em jejum, teste oral de tolerância à glicose, índice Homeostatic Model Assessment (HOMA), insulina em jejum, insulina após 2 horas de sobrecarga de glicose, hemoglobina glicada, colesterol total e suas frações, triglicerídeos, proteína C reativa ultra sensível, tumor necrosis factor alpha (TNF-Alfa), interleucina-6, interleucina-10, leptina, adiponectina, E-selectina, asymmetric dimethylarginine (ADMA), monocyte chemoattractant protein-1 (MCP-1), transforming growth factor (TGF), apolipoproteína B, fibrinogênio e lipoproteína (a). As diferenças entre os grupos foram identificadas pelo teste do qui-quadrado e ANOVA. Para a avaliação da associação da AOS com os marcadores descritos, realizamos uma análise multivariada com quatro modelos de ajuste progressivo: Modelo 1 - ajustado para fatores de risco tradicionais como sexo, idade, raça, índice de massa corporal (IMC), tabagismo e uso regular das seguintes medicações: diuréticos, inibidores da enzima conversora de angiotensina (IECA), bloqueadores dos receptores de angiotensina (BRA), bloqueadores de canal de cálcio, beta bloqueadores, ácido acetil salicílico (AAS) e estatinas; Modelo 2 - foi composto pelo modelo 1 acrescido da duração do sono; o modelo 3 foi composto pelo modelo 2 acrescido da eficiência do sono; Modelo 4 - foi composto pelo modelo 3 acrescido de presença de insônia. Resultados: Foram estudados 708 participantes (idade média: 46 ± 5 anos, sexo masculino: 44,2%, IMC 26,1 ± 4,1 kg/m2). A frequência da AOS foi de 188 participantes (26,8%). A duração média do sono foi de 392,3 ± 56,0 minutos, a eficiência média do sono foi de 83,1 ± 6,0% e 25,1% apresentaram queixas de insônia. Comparados aos participantes sem AOS, os participantes com AOS apresentaram maiores níveis de glicemia de jejum, glicemia após 2 horas de sobrecarga de glicose, insulina de jejum e após 2 horas de sobrecarga de glicose, HOMA-IR, colesterol total, triglicerídeos e proteína C-reativa ultra sensível (p < 0,01 para todas as variáveis). Uma tendência de menores níveis de adiponectina {[10,8 (6,5 15,9)] vs. [9,8 (5,9 13,40)] mcg/mL; p=0,065} e maiores níveis de E-selectina {[69,8 (42,1 115,5)] vs. [78,9 (44,1 126,4)] ng/mL; p=0,09} foram observados no grupo com AOS. Após análise de regressão linear multivariada, a AOS foi negativamente associada à adiponectina (Beta = -0,253; IC 95% -0,442 -0,064) e positivamente associada ao colesterol total (Beta = 9,245; IC 95% 2,138 16,352). Conclusões: Em adultos de meia-idade não diabéticos, a associação de AOS com adiponectina mais baixa e níveis mais altos de colesterol não é modificada por fatores de risco tradicionais ou por condições relacionadas ao sono como duração, fragmentação ou insônia