A dança nos documentos curriculares federais: os anos finais do Ensino Fundamental nos PCN e na BNCC

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Gonçalves, Solange de Araújo
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Art
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/48/48140/tde-23022023-114555/
Resumo: Esta pesquisa analisa em que medida e em quais bases se estabelecem diálogos entre documentos curriculares prescritos pelo governo federal para o ensino de dança no componente curricular de Arte nos anos finais do Ensino Fundamental. Valendo-se de uma revisão de literatura sobre a dança no ensino escolar (2005 a 2020) que trouxe dados relevantes para a investigação e revelou escassez de discussões curriculares referenciadas em teorias críticas do currículo, que fundamentam esta pesquisa , este estudo se alinhou aos que compreendem a dança como conhecimento curricular. Circunscrita na dimensão da prescrição do currículo em processo, a investigação ancora-se em aportes teóricos acerca da função social da escola; do conceito de currículo e suas dimensões; da concepção de poder do conhecimento; e do ensino da dança no contexto escolar. Como método, foi adotada a análise documental, com posterior desenvolvimento da análise de conteúdo das fontes documentos curriculares oficiais (PCN, segunda versão e versão homologada da BNCC). O intuito foi o de relacionar as prescrições elaboradas em dois momentos distintos, identificando aproximações e distanciamentos quanto às seleções de conhecimentos de dança a serem abordados no Ensino Fundamental, bem como às bases em que essas seleções foram feitas. Como achados de pesquisa, verificou-se que as aproximações e os distanciamentos apontados para a dança na disciplina de Arte nem sempre seguiram um fluxo de movimento unidirecional ao longo dos documentos, o que trouxe ao diálogo a discussão a respeito dos conceitos de permanência e mudança proposta por Bourdieu. Também foram observados aspectos da versão homologada da BNCC com expressiva divergência em relação aos encontrados nos documentos anteriores, como enfraquecimento da valorização do conhecimento e de suas áreas específicas; defesa da interdisciplinaridade entre as linguagens artísticas e da aprendizagem por meio do desenvolvimento de competências; falta de clareza textual, dificultando a compreensão de alguns de seus fundamentos; supressões de conteúdos importantes para o conhecimento de si e do mundo. Esses aspectos se destacaram como pontos de atenção e exigiram um panorama dos contextos sociopolíticos em que cada um dos documentos foi elaborado, o que levou a uma observação mais verticalizada da análise que o campo acadêmico vem fazendo acerca das intrincadas relações entre Estado, Educação e iniciativa privada no Brasil desde a década de 1990. Verificou-se, portanto, que a prescrição ou a falta dela de alguns conhecimentos de dança na versão homologada da BNCC em alguma medida dialoga com a tendência crescente, apontada pela literatura, de um alinhamento da Educação a pressupostos, funcionamentos e interesses de corporações financeiras, o que enfraquece não só o ensino e a dança como área de conhecimento, mas também a formação escolar dos estudantes, constituindo um distanciamento em relação ao entendimento de função social da escola, currículo e conhecimento escolar concebido por esta pesquisa.