Avaliação do perfil de citocinas nas diferentes fases do transplante autólogo de células-tronco hematopoéticas em pacientes com mieloma múltiplo

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Callera, Alexandra Fernandes
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5160/tde-28102020-160803/
Resumo: O transplante autólogo de células tronco hematopoéticas (TCTH - autólogo) é de fundamental importância no tratamento de pacientes com mieloma múltiplo (MM). Contudo, em função de sua toxicidade, diminui o número de células medulares disponíveis, altera drasticamente a dinâmica das interações celulares e causa um desequilíbrio entre citocinas pró-inflamatórias e anti-inflamatórias. Diante do exposto, acreditamos que a investigação dos efeitos do transplante sobre o sistema de citocinas em pacientes com MM poderá revelar elementos importantes para melhor compreensão dos processos fisiopatológicos envolvidos e para o eventual desenvolvimento de novas estratégias terapêuticas. Tem-se, como objetivos, avaliar os níveis séricos das citocinas pró-inflamatórias e anti-inflamatórias GM-CSF, IL-1beta, IL-1ra, IL-2, IL-4, IL-5, IL-6, IL-8, IL-10, IL-12, IL-13, IL-15, IL-17, INF-gamma, Klotho e TNF-alpha em amostras de 30 pacientes com MM tratados com o TCTH - autólogo. Em relação aos materiais e métodos, amostras de sangue periférico foram colhidas nas fases pré-transplante (24 horas antes e após a aférese), na fase intratransplante caracterizada pela aplasia medular decorrente da quimioterapia em altas doses e após a recuperação medular. O método ELISA foi realizado para quantificação dos níveis séricos das citocinas. Como resultados verificou-se que os níveis de IL-1ra aumentaram significativamente após a sessão de aférese (p=0,0001) e diminuíram nas fases de aplasia pós-condicionamento e recuperação medular a valores semelhantes aos observados na fase pré-aférese. Houve um aumento significativo dos níveis de IL-5 (p=0,0003) e IL-8 (p < 0.0001) no período de aplasia pós-condicionamento, contudo diminuíram na recuperação medular. Ademais, observou-se aumento significativo dos níveis de IL-10 (p =< 0,0001) e IL-12 (p=0,0001) no período de recuperação medular. Esses achados não foram associados à resposta ao tratamento pré transplante (p=0,8756) ou correlacionados com a quantidade de células CD34+ transplantadas (CD34+ e IL-5 p=0,9622, CD34+ e IL-8 p=0,7930, CD34+ e IL-10 p=0,6254, CD34+ e IL12 p=0,3607). Entretanto, o aumento da IL-8 associou-se significativamente à positividade de hemoculturas (IL-8 p=0,021, risco relativo=3,68, intervalo de confiança de 95%=1,05 a 12,90). Assim, observou-se potencial associação entre o aumento da IL-12 na recuperação medular e a pesquisa de doença residual mínima (DRM) após o TCTH - autólogo. Em pacientes com DRM positiva, a média das concentrações séricas de IL-12 foi significativamente menor (p=0,001) e as porcentagens de plasmócitos clonais na medula óssea foram inversamente proporcionais às concentrações da IL-12 (r=-0,845, p=0,0001). Portanto, o presente estudo sugere que, em pacientes com MM, citocinas com variados níveis de expressão podem ser encontradas nas diferentes fases do TCTH - autólogo. Os níveis de IL-1ra tendem a aumentar no período pós-aférese, sugerindo um papel anti-inflamatório induzido pelo processo de aférese. A resposta caracterizada pelo aumento das concentrações de IL-5 e IL-8 no período de aplasia medular pós-condicionamento parece exercer efeito contra infecções. O aumento dos níveis de IL-10 e IL-12 sugere possível efeito regulatório da resposta inflamatória no período de recuperação medular e a IL-12 parece associar-se inversamente com a presença de doença residual mínima