Transplante autólogo de células-tronco hematopoiéticas no paciente com idade maior ou igual a 60 anos com mieloma múltiplo: avaliaçao de mortalidade, morbidade e resposta

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Atanazio, Marcelo Junqueira
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5167/tde-15062022-092534/
Resumo: INTRODUÇÃO: O transplante autólogo de células-tronco hematopoiéticas (TaCTH) é um dos pilares no tratamento do mieloma múltiplo (MM). Embora seu uso já esteja bem documentado em pacientes jovens, faltam dados em relação à sua segurança e eficiência em idosos. O objetivo do estudo foi descrever as toxicidades, a mortalidade relacionada ao transplante (MRT), a sobrevida global (SG) e a sobrevida livre de progressão (SLP) pós-TaCTH. MÉTODOS: Foram avaliados retrospectivamente pacientes que realizaram, entre janeiro de 2010 e dezembro de 2020, TaCTH como terapia de consolidação para MM cuja idade no dia do TaCTH era, pelo menos, 60 anos completos. O desfecho primário foi descrever a incidência e os fatores associados ao evento toxicidade grave no pósTaCTH. Toxicidade grave foi definida como qualquer um dos seguintes eventos: mucosite oral grau 3/4, insuficiência renal aguda grau 3/4 ou diarreia grau 3/4, necessidade de uso de droga vasoativa, intubação orotraqueal, internação em terapia intensiva ou óbito em até 60 dias do TaCTH. Os desfechos secundários foram: descrever a incidência de complicações do TaCTH, avaliar as causas de MRT (definidas com óbito por qualquer causa exceto progressão de doença em até 60 dias do TaCTH), determinar a SG e a SLP pós-TaCTH. RESULTADOS: Foram estudados 177 pacientes. A idade mediana no TaCTH foi 63 anos (variando entre 60-71 anos), 90 (50,9%) pacientes eram do sexo masculino. International Staging System foi III em 50 (31,5%) pacientes. A dose de melfalano usada no condicionamento foi de 140 mg/m2 em 43 (24,3%) pacientes. Mucosite oral e diarréia grau 3/4 foram observadas em 32 (19,5%) e 37 (23,0%) pacientes respectivamente. Toxicidade de alto grau ocorreu em 77 (44,8%) pacientes. Observou-se que os pacientes com Eastern Cooperative Oncology Group - Performance Status (ECOG-PS) 2 ou 3 (razão de chances [RC]: 3,07; intervalo de confiança de 95% [IC95%] 1,30 - 7,26) concentração de hemoglobina ao TaCTH abaixo de 12 g/dl (RC 3,22; IC95% 1,53 - 6,75) concentração de albumina ao TaCTH abaixo de 3,5 g/dl (RC 3,96; IC95% 1,36 - 11,57) e que a realização de infusão de células-tronco a fresco (RC 5,48; IC95% 1,67 - 17,97) apresentaram maior chance exibir o evento toxicidade grave. A MRT foi 6,2% (11 pacientes faleceram). Dos 11 pacientes que apresentaram MRT cinco faleceram de infecção bacteriana documentada (um faleceu por celulite facial e quatro por infecção de corrente sanguínea relacionada a cateter). Pacientes com ECOG-PS 2 ou 3 (RC 4,43; IC95% 1,10 - 17,85) e com concentração de creatinina ao TaCTH acima de 2,0 mg/dl (RC 12,53; IC95% 2,33 - 67,57) apresentavam maior chance de MRT. Idade cronológica e dose de melfalano no condicionamento não foram associadas a toxicidade grave nem à MRT nas análises multivariadas. As SLP e SG medianas foram, respectivamente 23,6 e 92,2 meses. CONCLUSÕES: Os principais fatores implicados na morbimortalidade do TaCTH não são diretamente relacionados ao procedimento em si, mas, sim, ao performance status e às comorbidades dos pacientes. Apesar da alta MRT observada a SLP e SG pós-TaCTH foram semelhantes aos resultados da literatura. Os dados do presente estudo mostram que o TaCTH é uma opção terapêutica factível em doentes selecionados com idade maior ou igual a 60 anos