O que (não) se esquece? Uma leitura psicanalítica do ressentimento

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Bechara, Laura Carrasqueira
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47133/tde-30082019-172808/
Resumo: Esta pesquisa tem como objetivo construir hipóteses teóricas e clínicas acerca do ressentimento, a partir de uma leitura psicanalítica. Observamos que, apesar da frequência com que o tema do ressentimento aparece em discussões clínicas na atualidade, o termo ainda parece marginalizado no arcabouço teórico de pesquisa em psicanálise, possivelmente porque não tem estatuto de noção nem de conceito dentro desse campo. Diante disso, perguntamos: de que maneira o ressentimento se apresenta na clínica psicanalítica? Quais operadores nos embasam quando nos deparamos com o ressentimento via narrativa ou no discurso de um sujeito na clínica? De que forma o estudo sobre o sujeito do inconsciente se articula ao ressentimento? Uma vez que nosso objeto de investigação não é parte da teoria psicanalítica, expomos de que maneira alguns dos principais pensadores e filósofos o abordam pela via do homem, da sociedade, da moral, da justiça e da vingança. Em seguida, situamos os conceitos que pesquisadores de nossa área elegem para situar o ressentimento enquanto fenômeno que interessa à psicanálise. A partir dessa revisão teórica, construímos nossa própria leitura psicanalítica. Um caso clínico disparador é apresentado de forma a fazer pulsar novos questionamentos, que remetem à teoria da constituição subjetiva, para, posteriormente, situar de que forma o ressentimento afeta o sujeito e qual sua relação com as operações lógicas do psiquismo. Apresentamos um trabalho interpretativo da obra Dom Casmurro, que permite eleger o protagonista como caso paradigmático do ressentido. Concluímos nossa hipótese com uma explanação, entre outras possíveis, do que pode um psicanalista diante do ressentimento. Levantou-se como resultado dessa pesquisa duas principais hipóteses: o ressentimento enquanto estratégia frente ao desejo do Outro e o ressentir como modalidade de gozo. Esperase que a proposta de leitura acerca do ressentimento, do ressentir e do ressentido possa contribuir para o reconhecimento dessa perspectiva e, assim, inspirar intervenções e descobertas sempre únicas no campo da clínica psicanalítica, em casos em que o ressentimento é marcante