Ácidos biliares como biomarcadores precoces da hepatotoxicidade em trabalhadores expostos a solventes em oficinas de repintura de veículos

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2003
Autor(a) principal: Paiva, Maria José Nunes de
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/9/9141/tde-03032023-173954/
Resumo: Nas oficinas de repintura automotiva os trabalhadores se expõem a múltiplos solventes, principalmente o tolueno. Estes solventes apresentam risco à saúde dos trabalhadores e a prevenção, assim como a vigilância à saúde dos trabalhadores, são atividades que devem ser implantadas nestes ambientes. Recentemente, tem sido sugerido que os ácidos biliares (AB) no plasma podem ser biomarcadores precoces da hepatotoxicidade na exposição às substâncias químicas. Este trabalho objetivou estudar a aplicabilidade dos ácidos biliares como biomarcadores precoces do dano hepático na exposição de trabalhadores de oficinas de repintura de veículos expostos a múltiplos solventes orgânicos e comparar o seu desempenho com alguns parâmetros bioquímicos clássicos de hepatopatias. A proposição e validação de método por microextração em fase sólida (SPME) de ortocresol (OC) em urina, assim como a análise de ácido hipúrico urinário, metabólitos do tolueno, também foram finalidades desta pesquisa. Um grupo de 57 trabalhadores expostos a tintas e tíneres, e 51 voluntários não expostos ocupacionalmente a solventes constituíram o grupo exposto e controle respectivamente. Todos os indivíduos responderam a um questionário sobre hábitos pessoais e de trabalho. Os ácidos biliares no soro foram analisados por método enzimático espectrofotométrico e a identificação e quantificação do OC e AH em urina foram feitas por cromatografia gasosa/detector de ionização de chama. Todos os fatores que intervêem no rendimento da extração por SPME foram otimizadas e o método validado. O melhor rendimento para a SPME foi obtido com a hidrólise ácida da urina e expondo a fibra carbowax/divinilbenzeno 70 µm por 20 minutos em pH neutro com a adição de 3,0 g de sulfato de sódio sobre agitação. A linearidade, precisão intra-ensaio, recuperação, limites de detecção e de quantificação foram satisfatórios para a análise de OC em urina de trabalhadores expostos. Os valores médios (±DP) para os ácidos biliares em plasma foram, respectivamente, de 10,4 (±6,6) µmoL/L para o grupo exposto e de 5,62 (±3,70) µmoL/L para o controle. O OC não foi detectado na população não exposta ocupacionalmente a solventes e nos expostos, em 45%, com valores médios (±DP) de 0,26 (±0,17) mg/g de creatinina. Para o AH os valores médios (±DP) foram de 0,65 (±0,56) e 0,30 (±0,32) g/g de creatinina para o grupo exposto e controle respectivamente. O método proposto para a análise de OC em urina apresentou características adequadas para o uso na biomonitorização de trabalhadores expostos ao tolueno. Os ácidos biliares foram o parâmetro bioquímico mais alterado nos trabalhadores expostos com relação aos demais testes bioquímicos de hepatotoxicidade e o que apresentou diferença mais significativa entre os dois grupos, e pode ser aplicado na detecção precoce de dano hepático na exposição a múltiplos solventes orgânicos.