Mensuração do Tempo de Condução Atrial Total por meio da ecocardiografia tecidual em cães normais e em cães com Valvopatia Mitral Mixomatosa

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Pessoa, Rebecca Bastos
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/10/10136/tde-21112018-122807/
Resumo: O Tempo de Condução Total Atrial (TACT) reflete a condução dos estímulos elétricos no território atrial. Tal parâmetro pode ser mensurado por meio do estudo eletrofisiológico ou por métodos não invasivos, como a ecocardiografia tecidual. Em medicina sabe-se que a mensuração do tempo decorrido entre o início da onda P do eletrocardiograma ao pico da onda A do gráfico do Doppler tecidual (intervalo PATDI) é um preditor independente da ocorrência de fibrilação atrial secundária a diversas causas. Em medicina veterinária não existem estudos publicados sobre o assunto até o momento. Objetivou-se estabelecer valores normais de TACT para cães e investigar quais variáveis podem influenciar os resultados obtidos. Além disso, propôs-se a investigação do TACT como um preditor da ocorrência de fibrilação atrial em cães com valvopatia mitral mixomatosa. Realizou-se estudo retrospectivo utilizando um banco de imagens ecocardiográficas de cães que participaram de projetos de pesquisa no Serviço de Cardiologia do VCM/HOVETUSP. O TACT foi mensurado empregando o Doppler tecidual guiado por cores, sendo o intervalo PA-TDI medido com o cursor do Doppler tecidual posicionado na parede lateral do átrio esquerdo, logo acima do ânulo da valva mitral. Para análise estatística as variáveis foram submetidas ao teste de Shapiro-Wilk e estimou-se o coeficiente de correlação de Pearson ou de Spearman com o TACT. Para verificar as diferenças do TACT quanto às variáveis utilizaram-se o teste t de Student, a ANOVA para medidas não repetidas, o procedimento de Bon Ferroni quando necessário e a ANOVA 2-fatores. Todos os testes estatísticos foram considerados significativos quando p<0,05. No que concerne à investigação das variáveis associadas à fibrilação atrial, foi realizada uma regressão múltipla de Cox considerando o tempo para a ocorrência da fibrilação atrial. De 264 estudos ecocardiográficos disponíveis, 144 foram selecionados. O intervalo PA-TDI médio dos cães livres de doenças cardiovasculares foi de 47 ± 9,09 ms. Observou-se que dentre os fatores estudados, o valor encontrado foi diferente entre animais de porte mini ou pequeno comparados aos animais de porte grande ou gigante (p=0,01) e que sexo, castração e obesidade não influenciaram nos valores de p, respectivamente, 0,50, 0,24 e 0,98. A duração do TACT apresentou correlação com a duração do intervalo PR, frequência cardíaca, peso e concentração de eosinófilos/mm3 de sangue nos animais sem doenças cardiovasculares. Quanto aos animais doentes, o intervalo PA-TDI foi significativamente mais longo nos indivíduos com valvopatia mitral mixomatosa estágios B2 e C (respectivamente, 55,4 ± 7,7 e 55,7 ± 9,2 ms). Além disso, observou-se aumento de 13% de chance de desenvolver fibrilação atrial a cada unidade aumentada do intervalo PA-TDI (p<0,01). Com base nos resultados encontrados, aventa-se a hipótese de que tanto o aumento atrial isolado quanto o advento da ICC possam já acarretar atrasos de condução interatrial e que o TACT mensurado pelo intervalo PA-TDI pode prever a ocorrência de fibrilação atrial secundária à valvopatia mitral mixomatosa em cães, embora a baixa frequência dessa arritmia na população estudada possa ter mascarado resultados mais expressivos neste sentido.