Um terremoto, uma biblioteca, um jornal: a emergência de uma nova ordem social pelos impressos luso-brasileiros nos séculos XVIII e XIX

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: Val, Gisela Maria do
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/48/48134/tde-06102016-150454/
Resumo: Ancorada em um horizonte teórico-metodológico propiciado pela noção de arquivo, tanto no sentido a ela atribuído por Arlette Farge, quanto naquele desenvolvido ao longo da trajetória de Michel Foucault, a presente investigação devota-se a descrever e analisar a emergência de uma nova ordem social nos séculos XVIII e XIX, primeiramente em Portugal e depois no Brasil, consubstanciada nos impressos em circulação no período. Seguindo um percurso que se inicia no terremoto de Lisboa em 1755, retroage à criação da Biblioteca Real de Portugal e atinge seu termo com a estada da Corte portuguesa no Brasil e o concomitante estabelecimento da Gazeta do Rio de Janeiro, três frentes narrativas foram constituídas. Por meio delas, especulou-se sobre a ideia nascente de população como um dos elementos centrais da gestão política das vidas, doravante organizada em termos da educação dos súditos. Focalizando inicialmente a referida Biblioteca, instituição destinada à guarda de saberes e à educação dos príncipes e nobres, o estudo em seguida debruçou-se sobre o jornal carioca, tomando-o como um operador da disseminação de enunciados educativos em uma escala bem mais abrangente do que a da Biblioteca. Enquanto esta representava os desígnios do soberano para a fruição de poucos, aquele propiciou a dispersão dos propósitos gestionários do Estado para muitos, franqueando o alastramento de imagens de si e do mundo em consonância com os ditames ético-políticos da época. As conclusões do estudo apontam para o fato de que os impressos, tanto aqueles guardados na Biblioteca Real quanto os que circulavam na Gazeta, teriam produzido certa racionalização do presente cujos ecos não cessam de chegar até nós por meio da criação de pertencimentos, da elaboração de normalidades e da propagação de determinadas condutas, atando os sujeitos a um lugar, a um passado e a um conjunto de valores. Tratou-se, pois, da efetividade das artes pedagógicas de governar e da produção de uma economia de ordenamento populacional por intermédio de práticas simultâneas de informação e educação, as quais alimentaram as engrenagens de um processo constante e disseminado de correção e aperfeiçoamento dos modos de existir.