Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2019 |
Autor(a) principal: |
Lerri, Maria Rita |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/17/17145/tde-02082024-160115/
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Resumo: |
A transexualidade é caracterizada pelo sentimento de pertença ao gênero oposto ao designado no nascimento. O objetivo desta pesquisa foi conhecer/compreender as vivências das pessoas transexuais atendidas no Ambulatório de Estudos em Sexualidade Humana (AESH) do HCFMRP-USP em relação à transexualidade. Para este estudo foram alocados 20 pessoas transexuais, sendo 03 homens trans e 17 mulheres trans. Os critérios de inclusão foram pacientes transexuais e os de exclusão foram pacientes que apresentaram algum tipo de deficiência mental/cognitiva observada pelo pesquisador ou relatada pelo mesmo que impossibilitasse a realização da entrevista. A avaliação psíquica foi realizada mediante a aplicação de uma entrevista semiestruturada e a Escala de Medida de Ansiedade e Depressão Hospitalar (Hospital Anxiety and Depression Scale - HAD). Para acessar as vivências dos participantes foi realizada uma entrevista para levantamento de dados referentes à infância, adolescência, vida adulta, ao sentimento em relação a sua identidade de gênero, entre outros aspectos tendo como elemento disparador a pergunta: Como foi sua vivência em relação a transexualidade? A análise qualitativa foi realizada através da análise do conteúdo proposto por BARDIN e o HAD foi avaliado de acordo com os critérios definidos pelos seus próprios autores. Resultados: quatro categorias foram obtidas: categoria 1: Infância e primeira percepção da transexualidade: as principais respostas referem-se a jogos infantis, confusão relacionada a vestimentas e aos órgãos sexuais. Na categoria 2: Adolescência e percepção das mudanças corporais: as respostas referem-se ao início do tratamento hormonal sem prescrição médica, ao aparecimento dos caracteres sexuais secundários e à não aceitação da família. Na categoria 3: A fase adulta e as dificuldades encontradas na vivência da transexualidade: encontramos relatos de sintomas de ansiedade e depressão, tentativas de suicídio e auto-mutilação, conflitos familiares e dificuldade em entrar no mercado de trabalho formal. Na categoria 4: Tratamento hormonal e cirúrgico como possibilidade de viver plenamente: as respostas foram relacionadas às transformações corporais, incluindo a cirurgia, sendo de extrema relevância em relação aos planos que eles fazem para o futuro, seja no trabalho, na família ou na vida amorosa. O propósito deste estudo foi buscar a compreensão mais aprofundada e efetiva das vivências da transexualidade durante o período do desenvolvimento. No que tange a infância, percebeu-se que as pessoas trans já experienciam sua identidade de gênero diferente do sexo biológico. Já no período da adolescência, o início da puberdade e a explosão do desenvolvimento dos caracteres sexuais podem trazer grande angústia durante este período com importante dificuldade de ajustamento entre corpo e identidade. A vida adulta vem carregada de desejos e sonhos de uma vida digna com direito a trabalho formal e atenção integral de saúde. Os resultados mostram as consequências negativas da intolerância social diante da não-normatividade de gênero. Além disso, as principais descobertas relacionadas às experiências trans na infância e adolescência sugerem que uma atenção especial deve ser dedicada a esse período nos serviços de atenção à saúde. O debate sobre as necessidades de pessoas transexuais deve ser melhorado e as políticas públicas de saúde devem ser sistematicamente implementadas no Brasil. |