Anatomia social de um crime em família - estudo psicossocial sobre a dialética dos discursos e representações sobre família, afetos, homens e mortes

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2001
Autor(a) principal: Ribeiro, Sandra Maria Patricio
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47134/tde-27112013-110649/
Resumo: O presente estudo versa sobre os discursos policial, jurídico, psiquiátrico e jornalístico produzidos acerca de um jovem, autor de um quíntuplo homicídio em família (patri-matri-fratricídio). O dossier sobre o caso, e ainda mais três explicações para a conduta violenta, oriundas do campo psi, foram analisados a partir da arqueologia, genealogia e ética foucaultianas visando esclarecer os motivos e os modos de construção destes discursos. O estudo permitiu constatar que as diferentes instâncias sociais solidarizaram-se para forjar uma representação do homicida compatível com o consagrado modelo da psicopatia - a ausência de remorsos, a incapacidade para a empatia, a frieza afetiva e a insensibilidade moral; também, que produções do campo psi prestam-se a dar referendo científico às conclusões sociais que retratam os homicidas como seres malignos, portadores de aberrações biológicas que os incapacitam a desenvolver adequadamente a afetividade e a moralidade, condenando-os aos atos criminosos violentos. Estas constatações, discutidas pelo prisma das contradições da sociedade contemporânea, deixam vislumbrar parte daquilo que se obnubila por estes discursos: remetendo ao plano biológico as determinações da conduta irracional e violenta, poupa-se de crítica o ordenamento sistemático das relações sócio-econômicas. Em conclusão, apresenta-se como imperativo derivar para a ciência psi a injunção de conhecer e denunciar as interveniências dos planos individual e coletivo em toda e qualquer conduta humana - o mais irracional e violento dos crimes cometido por um homem, guarda obrigatoriamente os traços da irracionalidade e violência do sistema social que o envolve; aperceber-se deles é condição de transformá-los.