Outros muros, o manicômio ainda: narrativas de uma rede à sombra das conquistas antimanicomiais

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Valentim, Ana Carolina Martins de Souza Felippe
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47134/tde-12092023-152113/
Resumo: A Reforma Psiquiátrica Brasileira, sustentada pela produção e pelas conquistas do movimento de Luta Antimanicomial, tem possibilitado mudanças de paradigmas críticos à psiquiatria clássica e atua na ampliação de leis, políticas e serviços públicos comunitários de atenção em saúde mental como modo de substituir a estrutura manicomial ainda vigente, mesmo após o processo de desinstitucionalização dos hospitais psiquiátricos. Esta pesquisa emerge da experiência da pesquisadora-trabalhadora no Ministério Público de São Paulo (entre os anos 2013 e 2018) órgão cuja missão constitucional está vinculada à garantia de direitos ao se deparar com diversas realidades que envolviam internações nos moldes dos hospícios em instituições/serviços que não eram parte da Política Nacional de Saúde Mental, ou encontravam desvios de rota de funcionamento, compondo um mosaico manicomial à sombra dos êxitos advindos da Reforma Psiquiátrica. Tem-se como objetivo dar a ver os manicômios existentes por detrás de outros muros não definidores da instituição psiquiátrica e, a partir disso, refletir sobre as pistas e as pontes possíveis para agregar novas compreensões a essa realidade. O trabalho desenvolveu-se inicialmente pela produção de registros de memória apresentados como narrativas. Está estruturado em três partes, de modo a apresentar: 1) o caminho de pesquisa, 2) as narrativas, 3) as tessituras que refletem a percepção do fenômeno prioritariamente pautado no não alcance de projeto de cidadania, da dignidade e da política de atenção em saúde em liberdade. Isso nos permite reflexionar sobre a persistência das forças manicomiais que atuam ainda insistentemente no campo do cuidado e da atenção em saúde mental e, consequentemente, se estendem para outras dimensões e territórios do campo social. Refletimos que o manicômio prospera onde não pode ser reconhecido como tal, em quaisquer configurações disponíveis nos territórios, e não em uma natureza institucional privilegiada, ainda que ocupem lugar de destaque as Comunidades Terapêuticas, sobretudo na internação de adolescentes. Concluímos, momentaneamente, para o enfrentamento contínuo e permanente, que os diálogos sigam a incluir debates complexos em que questões de raça, gênero, classe e idade sejam protagonistas, considerando a territorialidade brasileira e o sistema de opressões que atravessa sua história e constituição, para, então, caminharmos rumo ao ideal de reinvenção de vida, lutando por uma sociedade sem manicômios, independentemente de suas roupagens.