Para onde vão todos esses?: reflexões discursivas sobre a instrução pública e o sujeito aluno da Província de São Paulo da segunda metade do século XIX

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Nero, Patrícia Helena
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8147/tde-15022023-185543/
Resumo: Esta pesquisa propõe analisar os efeitos de sentido no discurso sobre a instrução pública e seu sujeito-aluno na segunda metade do oitocentos na Província de São Paulo. A partir da análise de um corpus composto por atas, relatórios, legislação sobre a instrução pública, periódicos, matrículas de alunos, solicitações de vagas em educandários, escrita de escravizados e ex-escravizados afro-americanos, aproximo-me do sujeito à margem inserido no contexto educacional, público - objeto de nosso estudo - assistencial (sociedades auxiliadoras, instituições religiosas) ou particular. A Análise do Discurso, norteadora de nossas reflexões e caminhos possíveis nesta tese, procura analisar funcionamentos discursivos que geram a evidência de sentidos atravessados ideologicamente. Para sustentar esta análise, discuto, num primeiro momento, a premência de estudos discursivos para a entrada na materialidade histórica do arquivo. Em um segundo momento, avanço em reflexões historiográficas sobre o oitocentos e seu sujeito atravessado pela ideologia escravagista-racista, na sua presença ou não-presença no contexto educacional, sem perder de vista as redes de memórias e suas filiações do já-dito sobre esse outro que se instala como verdade. Para tanto, 1. analiso a trama discursiva sobre o outro na instrução pública tomando relatórios escritos por professores da cidade de São Paulo sobre a situação das escolas e alunos em sua verticalidade semântica na relação com outros discursos; 2. desenvolvo análise discursiva sobre a escrita do outro de alhures, o escravizado e o ex-escravizado afro-americano nos períodos pré e pós abolição, discutindo os efeitos de sentido que convergem e que se dispersam na trama discursiva do arquivo e do sujeito em suas formas de deslocamento (discursivo); 3. problematizo a espessura semântica dos dizeres de professores, na legislação, nos periódicos dessa época, sobre ser cidadão no contexto escolar - espaço dito público, porém, ainda limitado ao acesso desse outro - no Brasil e nos EUA. A AD apresenta ao pesquisador a \"materialidade do sentido e do sujeito, seus modos de constituição histórica\" na memória discursiva que se manifesta e mobiliza sentidos outros sobre a situação do sujeito marginalizado e sem acesso à \"educação de qualidade\", o outro ainda a ser civilizado para adentrar a formação social vigente. Os dizeres veiculados e silenciados sobre a educação desse sujeito-aluno (do ontem, em particular) suscitam questionamentos para a compreensão da opacidade semântica constituinte da instrução civilizadora de outrora, bem como discussões sobre formas de sujeição do corpo e sua conformidade no contexto escolar. A constituição político-social da educação e seu sujeito-aluno no período contemplado demanda profunda investigação, pois as complexidades no campo educacional não deixaram de atingir seu sujeito-aluno ainda de alhures, ainda à margem.