"Crianças pretas passeiam em total liberdade": um estudo sobre infância e escravidão: Pelotas e Rio Grande (1820-1870)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Resende Júnior, José Ricardo Marques
Orientador(a): Vargas, Jonas Moreira
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pelotas
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em História
Departamento: Instituto de Ciências Humanas
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://guaiaca.ufpel.edu.br/handle/prefix/8077
Resumo: Essa investigação se propõe a pensar a experiência das crianças escravizadas no extremo sul do Império do Brasil. Como seara de pesquisa escolhemos as cidades de Pelotas e Rio Grande, por toda relação econômica que desenvolveram no decorrer dos oitocentos, ainda que definidamente separadas na primeira década desse século. O recorte temporal, entre 1820 e 1870 foi pensado para que possamos analisar quais foram e se houveram alterações na presença das crianças nas escravarias com o fim do tráfico atlântico, com os movimentos de emancipação e as alterações nos discursos a respeito da maternidade negra (1869) até as vésperas do Ventre Livre. Da mesma forma, verificar variações de seus valores, se alteraram com o avançar do século XIX. Atentar-se para a forma que os senhores olhavam para essas crianças, mas também como estas eram vistas pelas comunidades cativas, quais vínculos de afeto estabeleciam. A historiografia da escravidão no Brasil Meridional possuí uma gama vasta de pesquisas, em vários destes trabalhos, as crianças escravizadas aparecem, mas dificilmente de forma centralizada, a dissertação justifica-se nessa ausência e busca ocupar essa lacuna. Construímos a escrita em três capítulos. Na primeira parte, buscamos analisar a presença dessas crianças nas escravarias a partir de inventários post-mortem, mapas populacionais e censos demográficos, para que quantitativamente pudéssemos mapear essas crianças, descobrir em que tamanho de escravarias estavam mais presentes, seu gênero, origem e predominantemente em qual faixa etária foram tabuladas. Na segunda parte, esse é o capítulo principal da pesquisa, realizamos uma análise qualitativa dos processos criminais de Pelotas e Rio Grande nos atentando à circularidade dessas crianças pelos espaços, suas experiências e tabulando a tipologia de crimes que apareceram cometendo ou sofrendo. O último capítulo dessa pesquisa pensa em um contraponto a essas violências, tentando através do cruzamento dos inventários, com as alforrias e os processos criminais, detectar a composição de famílias e pensar os vínculos de afeto em que essas crianças estavam inseridas. Acreditamos que estudar a infância escravizada nos ajuda a pensar com mais profundidade a sistemática da escravidão no século XIX, nos auxilia a repensarmos outros assuntos da temática como: estrutura de posse, família e maternidade.