Representações sociais dos alimentos para pessoas com diabetes mellitus tipo 2

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2009
Autor(a) principal: Ribas, Camila Rezende Pimentel
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/22/22132/tde-18082009-125901/
Resumo: Este estudo teve como objetivo identificar as representações sociais dos alimentos sob a ótica de pessoas com diabetes mellitus tipo 2. Trata-se de uma pesquisa descritiva, exploratória, de abordagem qualitativa, cujo referencial teórico adotado foi a teoria das representações sociais. Optou-se por esse referencial teórico, em virtude de ser o mais adequado para investigar como as representações sociais dos alimentos são percebidas pelas pessoas com diabetes mellitus tipo 2. O enfoque teórico fundamenta-se na psicologia social, na vertente de Moscovici, aprofundada por Denise Jodelet. Os participantes foram selecionados a partir da lista de espera do Centro de Pesquisa e Extensão Universitária do interior paulista, em 2008. A amostra foi constituída por 14 participantes com diabetes mellitus tipo 2, de ambos os sexos, cuja idade variou de 43 a 83 anos, sendo atendidos os critérios de seleção. Para a coleta de dados, utilizou-se um roteiro de entrevista estruturada e um roteiro de entrevista semi-estruturada construído a partir da literatura, com a seguinte questão norteadora: Gostaria que falasse a respeito do que os alimentos significam para o(a) Sr(a) em seu dia-a-dia. Para a finalização das entrevistas, utilizou-se o critério de saturação dos dados. Os dados foram submetidos à técnica de análise de conteúdo, na modalidade de análise temática, o que possibilitou identificar sete categorias temáticas: -Alimentos para diabetes não sustentam; -Sentimentos em relação aos alimentos; -Descrença na orientação dos profissionais de saúde; -Custo oneroso dos alimentos recomendados para o diabetes; -Prazer regendo a busca pelo alimento; -Diabetes como o diabo; -Alimento como vício. Os resultados mostraram contradições nos depoimentos dos participantes; ora o consumo dos alimentos é regido pela idéia de que os alimentos recomendados pelos profissionais de saúde não sustentam, ora pelo prazer, ora por sentimentos de depressão, inferioridade, ansiedade, entre outros; além de estabelecerem relação entre alimento e vício, e entre o diabetes mellitus tipo 2 e o diabo. Para os participantes, os alimentos constituem algo que desejam e repudiam ao mesmo tempo, conduzindo-os a um sofrimento psíquico, que dificulta o alcance do controle metabólico. Por outro lado, ao desempenhar funções de reativação da memória, além de conforto, segurança, os alimentos podem propiciar interações entre as pessoas. Concluiu-se que os resultados obtidos neste estudo são importantes ao redirecionamento dos programas em educação em diabetes, em particular ao atendimento às pessoas com diabetes mellitus tipo 2 que necessitam de suporte ao seguimento do plano alimentar. Nesse sentido, faz-se necessário o reconhecimento, por parte da equipe multiprofissional de saúde, acerca da subjetividade e dos aspectos simbólicos e culturais que abrangem o planejamento alimentar da pessoa com diabetes mellitus tipo 2. A identificação e valorização desses aspectos permitirão maior vínculo dos profissionais de saúde com as pessoas, e conseqüentemente, o oferecimento da atenção em diabetes, considerando as suas reais necessidades e expectativas. Através da identificação das representações sociais dos alimentos, a partir das pessoas com diabetes mellitus tipo 2, espera-se que um novo olhar dos profissionais de saúde possa emergir em relação à compreensão da atenção em diabetes mellitus tipo 2.