Machado de Assis: uma edição crítica de \"O Alienista\" com ensaio introdutório: \"O Alienista, ou do Objeto Inapreensível\"

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2013
Autor(a) principal: Franca, Sandra Mára da Silva
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8149/tde-24012014-111506/
Resumo: Este trabalho tem por objetivo principal a edição crítica do conto O Alienista, de Machado de Assis. A pesquisa consiste na comparação entre o texto publicado na revista A Estação, de outubro de 1881 a março de 1882, e o que foi publicado no livro Papéis Avulsos, em novembro de 1882. A partir disso, são consignadas alterações realizadas pelo autor da passagem do texto em formato de folhetim para o formato de livro. A seguir, essas passagens são comentadas. Num segundo momento, por meio do exame do estilo do conto e da idiossincrasia de seu narrador, mas sobretudo por meio do exame da ideia de ciência que se delineia nele, a pesquisa procura mostrar que: 1) o conto se enquadra na categoria das obras que problematizam a relação entre o fato real e o fato imaginado, como a definiu Antônio Candido em seu ensaio Esquema de Machado de Assis; 2) que a concepção de ciência à época, da qual Bacamarte é a encarnação, e em particular da observação e da enunciação científicas com pretensões de objetividade são alvos da crítica machadiana por meio de estratégias verbais do narrador que transmitem a ideia de uma realidade elusiva, ou, como o chamou Anatol Rosenfeld, de um mundo não explicado, um efeito estético que a meu ver constitui a tônica de obras como Missa do Galo ou Dom Casmurro, por exemplo; 3) que o foco narrativo de O Alienista e seu estilo, caracterizado por ambiguidades e por uma contínua afirmação e negação de dados, materializa o movimento contínuo, sempre mais além, da observação de Bacamarte, ou a evolução de suas próprias teorias sobre loucura e normalidade, o que faz da ideia de observação o motivo condutor da obra e desta um conto, não uma novela; 4) que, curiosamente, a obra apresenta nexos conceituais com as chamadas ciências relativistas da virado do século XIX, dentre elas, em especial, a Filosofia do Como Se, desenvolvida pelo pensador alemão Hans Vaihinger, independentemente de Machado ter tido ou não contato com essas ciências; e 5) que por isso o conto pode ser considerado pioneiro de uma grande quantidade de obras que lhe sucederiam, caracterizando-se por ter a ciência como tema central.