Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2024 |
Autor(a) principal: |
Ferreira, Júlia Santa Clara de Azevedo |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/59/59141/tde-07082024-093945/
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Resumo: |
Os trabalhos com grupos no campo da Saúde Mental encontram-se fundamentados por diferentes perspectivas a depender da finalidade ou contexto em que se inserem. Porém, ainda são pouco discutidas as especificidades dos relacionamentos e das trocas conversacionais que ocorrem durante um processo grupal. Propostas orientadas por uma perspectiva psicossocial têm sido reconhecidas em âmbito público como um recurso importante para promover desospitalização, maior participação social e ampliação das possibilidades terapêuticas para além de uma abordagem exclusivamente organicista. No entanto, considerando que a construção do campo da Saúde Mental ultrapassa o âmbito das práticas públicas, práticas desenvolvidas em âmbito privado também podem estar em consonância com os princípios de uma lógica psicossocial, sendo orientadas por referenciais teórico-práticos menos individualizantes, valorizando formas de trabalho mais coletivas e construindo compromissos ético-políticos alinhados a propostas terapêuticas mais colaborativas. Este estudo parte do interesse em entender como as conversas em torno de um diagnóstico psiquiátrico se desenvolvem em um processo de terapia de grupo, em contexto de clínica privada, e quais sentidos são produzidos a partir delas. Dessa forma, seu objetivo é compreender como as conversas em torno de um diagnóstico psiquiátrico se desenvolvem em um grupo terapêutico de apoio a pessoas que foram diagnosticadas com esquizofrenia. Especificamente, buscou-se investigar as implicações do processo conversacional para os sentidos que as pessoas atribuem a si (self) e às suas vidas. Orientado pelo paradigma do Recovery em Saúde Mental, o grupo é desenvolvido em um contexto de clínica privada. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, orientada por uma epistemologia construcionista social. Participaram dessa pesquisa 09 integrantes, incluindo a pesquisadora, sendo 03 mulheres e 06 homens, entre 24 e 55 anos. Os encontros do grupo foram gravados em áudio e vídeo e foram analisados a partir do método da poética social, focalizando os momentos marcantes eleitos pelos integrantes do grupo e a compreensão da relação entre esses momentos e as conversas desenvolvidas para a construção de sentidos sobre si, sobre \"viver com\" o diagnóstico e sobre a vida. Os resultados indicam que alguns processos conversacionais contribuíram para a ampliação de sentidos no grupo: a) a construção conjunta de acordos de participação; b) a significação de vivências relacionadas ao diagnóstico; c) a nomeação dos recursos terapêuticos do próprio grupo; d) a responsabilidade pelo fazer grupal; e) a produção de novos sentidos de si. Conclui-se que em conversas em que o diagnóstico de esquizofrenia tem centralidade no modo como as pessoas descrevem e compreendem a si mesmas e as suas vidas, momentos conversacionais que convidam as pessoas a participarem mais ativamente das escolhas do processo terapêutico, contribuem para que novas compreensões sobre si e sobre suas vidas possam ser construídas. |