Sentidos construídos com equipes de saúde mental sobre o cotidiano das internações compulsórias

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: Fatureto, Maria Lúcia Piccinato
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/59/59137/tde-01082016-151502/
Resumo: Nos últimos anos, a problemática das internações psiquiátricas compulsórias, isto é, aquelas determinadas por medida judicial, tem sido amplamente discutida, dando visibilidade a algumas tensões que atravessam esse campo. Entre outros aspectos, debates têm sido desenvolvidos sobre temas como liberdade, autonomia e direito, e, numa esfera mais específica, sobre a própria legitimidade e efetividade dos atendimentos nesses casos. Estas tensões trazem importantes desafios aos profissionais de saúde mental, os quais precisam, em seu cotidiano, encontrar respostas criativas para o adequado cuidado das pessoas que chegam aos serviços psiquiátricos via processos de internação compulsória. Em revisão da literatura nos deparamos com alguns estudos que discutem os tratamentos compulsórios na perspectiva dos usuários, mas percebemos uma lacuna em relação à perspectiva dos profissionais nesse mesmo contexto. Este estudo tem como objetivo compreender como as equipes de saúde mental significam o trabalho no cotidiano das internações psiquiátricas compulsórias, bem como compreender como esse trabalho se desenvolve, explorando tanto os desafios como os recursos usados pelas equipes profissionais para o desenvolvimento do cuidado nesse contexto. O corpus de análise foi constituído a partir de entrevistas semiestruturadas no formato de grupos focais e entrevistas individuais, que foram gravadas em áudio e, posteriormente, transcritas na íntegra. A análise envolveu a construção de eixos temáticos, para os quais se buscou compreender a diversidade de sentidos produzidos e possíveis implicações dos mesmos para a produção de práticas em saúde mental. Foram construídos cinco eixos temáticos: 1) IPC como tratamento; 2) Sentidos sobreo uso da IPC e suas implicações; 3) IPC, relações familiares e tratamento; 4) IPC e RAPS; e 5) Sugestões dos profissionais para contribuições no campo da saúde mental. Concluímos que não existem terapêuticas ou práticas distintas para paciente em IPC, mas que dificuldades para conceder alta aos pacientes, sobretudo em função da necessária relação com o judiciário, cria desafios e impõe limites terapêuticos para os pacientes e profissionais. A partir disso, discutimos a valorização das IPC em detrimento às alternativas de cuidado ambulatorial e comunitário, e de que forma isso se reflete na efetivação da Rede de atenção psicossocial. (Apoio financeiro: Capes).