Do encontro arte-museu-educação: uma perspectiva arqueogenealógica

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Prates, Adriana Pedrassa
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Art
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/48/48134/tde-03072019-143732/
Resumo: Mediante o fenômeno das visitações massivas aos espaços expositivo-institucionais de arte na atualidade, compreendido como uma das ocorrências que atestariam a propagada noção de democratização do acesso aos bens artístico-culturais, o presente estudo, ao mesmo tempo em que mantém a referida noção sob suspenso, move-se em direção ao questionamento da associação veridictiva entre as práticas museais e a arte, trazendo à baila a hipótese de que a vitalidade de tal associação teria a ver menos com a factualidade, ou não, da missão edificante que a anima, e mais com a apreensão generalizada da necessidade que se deveria ter dela. Tendo em vista, igualmente, o alastramento das investidas museais desde, pelo menos, a década de 1980, entende-se que o que aí se assiste é, antes, à eficácia de um governamento de feições pedagogizantes que tem no encontro arte-museu-educação um de seus braços fortes. Nesse diapasão, caberia à arte, historicamente vista como uma prática transcendente à processualidade das relações cotidianas, garantir ao intento educativo certo contrabalanceamento, contribuindo sobremaneira para o alcance de sua estratégia nuclear: a funcionalização de condutas que, na medida mesma de seu franco assujeitamento à ordem, se autoimputam a pecha de contraconduta. Por conseguinte, uma fina atenção do olhar dirige-se à pedagogização da arte no encontro arte-museu-educação, tendo em vista a inelutável eficácia que este assume ao operar, em um mundo crivado por um acentuado ensejo de musealização, a sustentação de uma incompatibilidade que, afinal, lhe é fundamental: a de manter crível um ideal de liberdade enquanto o faz em nome de mais governo. Assim, a arqueogenealogia foucaultiana foi eleita como balizamento teórico-metodológico do presente estudo, de maneira que o gesto arquivístico por ela acionado abarcou um conjunto de periódicos acadêmicos dos campos da arte, da museologia e da educação, bem como catálogos de exposições, revistas e jornais de época. Tratou-se de viabilizar um tipo específico de análise dos discursos de artistas, curadores, críticos de arte, museólogos, educadores etc. englobando um arco temporal necessariamente amplo, com vistas a inventariar, à luz da concepção foucaultiana de governamentalidade, os deslocamentos históricos pertinentes ao processo de pedagogização da arte, eminentemente identificados no que despontava como conflito, problema, descaminho etc. O saldo da imersão analítica do estudo aponta para a contramão da hegemonia das narrativas concernentes ao encontro arte-museu-educação ao demonstrar ser possível decompor a semantização corrente de alguns enunciados que lhes são basilares como liberdade, revolução, participação, resistência e inclusão em favor da visibilização da processualidade histórica que os permitiu se constituírem como nexos veridictivos de práticas a serviço de um aguerrido governamento de si e do outro.