Sintomas de depressão, ansiedade e ideação suicida em mulheres transgênero durante o processo de transição e submetidas a genitoplastia feminizante

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Tassi, Fabiano Ribas
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5153/tde-12122023-164404/
Resumo: Introdução: a presença de sintomas de depressão, ansiedade e ideação suicida são amplamente descritos na literatura em pessoas transgênero que apresentam disforia de gênero. A disforia de gênero é uma categoria clínica que indica à existência de sofrimento relacionado à incongruência da identidade e/ou expressão de gênero com o gênero atribuído socialmente ao sexo de nascimento do indivíduo. A condição de disforia tem como consequência a busca por mudanças corporais obtidas por hormonioterapia e procedimentos cirúrgicos de afirmação de gênero, tal como a Genitoplastia Feminizante (GF) em mulheres transgênero. Objetivo: o estudo investigou a presença de sintomas de depressão, ansiedade e ideação suicida em mulheres transgênero, que apresentem disforia de gênero e estão aguardando a realização de GF ou já realizaram o procedimento. Casuística e Método: 38 mulheres transgênero participaram do estudo. Realizou-se entrevista semiestruturada com levantamento de dados sociodemográficos e de saúde e aplicação dos questionários Inventário de Depressão de Beck II, Inventário de Ansiedade de Beck e Escala de Ideação Suicida de Beck. Definiu-se dois grupos para a casuística: Grupo 1 (n=22) submetidas a GF; Grupo 2 (n=16) aguardando a realização da GF. A idade das participantes variou de 21 a 64 anos, com a média etária de 42,07 anos. Resultados: a presença de sintomas de depressão leves a graves é de 13,6% no Grupo 1 e de 37,5% no Grupo 2 (p=0,096); de sintomas de ansiedade leves a moderados é de 9% no Grupo 1 e de 25% no Grupo 2 (p=0,394) e ideação suicida foi observada em 9,1% no Grupo 1 e 12,5% no Grupo 2 (p=0,735). O desemprego foi de 9,1% no Grupo 1 e 31,3% no Grupo 2 (p=0,082) e o relacionamento afetivo-sexual foi presente em 50% do Grupo 1 e 31,3% do Grupo 2 (p=0,248). A realização atual de psicoterapia é referida por todas as participantes do Grupo 2 e por 59,1% do Grupo 1 (p=0,003). Conclusão: as participantes do Grupo 1 apresentaram diminuição de sintomas de depressão e ansiedade em comparação com as do Grupo 2, porém sem significância estatística. Sintomas característicos de depressão como tristeza, agitação, falta de energia, cansaço e falta de interesse por sexo apresentaram maiores diferenças estatísticas entre os grupos, com números maiores entre as participantes que não realizaram a GF. Salienta-se o efeito benéfico da GF concernente a redução destes sintomas. Outros sintomas de depressão e ansiedade também estão relacionados à exclusão do mercado de trabalho, evasão escolar, ausência de relacionamento afetivo-sexual e segmento psicoterapêutico, evidenciando-se a importância do atendimento multiprofissional em saúde e ações afirmativas aos direitos de pessoas transgênero