\"O lápis é mais pesado que a enxada\": reforma agrária no Chile e pedagogias camponesas para transformação econômica (1955-1973)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Vasconcelos, Joana Salem
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8137/tde-13042021-193600/
Resumo: Esta tese investiga a história da reforma agrária no Chile a partir de um olhar dialético entre economia e cultura, sugerindo que as hierarquias de acesso à terra eram também hierarquias epistemológicas. No Chile de 1955, somente 7% dos proprietários controlavam 78% da superfície agrícola, enquanto o analfabetismo rural alcançava 60% da população adulta. Argumento que a concentração da terra e a exclusão educacional eram parte da mesma estrutura de dominação e acumulação capitalista dependente. A necessidade de transformação dessa estrutura ativou diversas iniciativas de educação camponesa que visavam formar novos sujeitos para nova agricultura. Entre 1955 e 1973, três projetos urbanos para transformação agrária entraram em confronto e disputaram hegemonia rural: a modernização tecnocrática; a reforma agrária estrutural democrata-cristã; e a revolução agrária da via chilena ao socialismo. As diferentes pedagogias camponesas para transformação econômica buscavam formar subjetividades produtivas (economias morais) apropriadas a distintos regimes de propriedade e trabalho. Tais pedagogias foram interpeladas por lutas, agências e experiências heterogêneas de um campesinato cada vez mais organizado. A presença de Paulo Freire no Chile (1964-1968) e sua influência nos organismos da reforma agrária é um componente-chave desta narrativa. Sustento que a reforma agrária iniciada em 1967 pelo governo da Democracia Cristã e acelerada pela Unidade Popular alterou estruturas agrárias e culturais em diferentes temporalidades, desestabilizando hierarquias sociais da terra e do conhecimento. Cada capítulo da tese possui um corpus documental próprio, com objetivo de narrar estratégias pedagógicas específicas para transformação agrária. A tese se baseia em fontes primárias de sete arquivos em três países (Chile, EUA, Brasil), entre os quais estão materiais didáticos, relatórios de educadores rurais, relatórios de pesquisadores para Fundação Ford e Rockefeller, documentos do Instituto de Educação Rural, do INDAP, da CORA, do FEES, do ICIRA, programas de cursos camponeses, transcrições de círculos de cultura com vozes camponesas, imagens utilizadas nas pedagogias freirianas, diversos veículos de imprensa, sessões parlamentares, atas de reuniões de organismos do agro, discursos presidenciais, documentos partidários, fotografias e mais de quarenta entrevistas de história oral.