O Labirinto Miopia: o espetáculo teatral como planetário em ruínas

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2011
Autor(a) principal: Matos, Ivan Delmanto Franklin de
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8151/tde-30032012-134914/
Resumo: Esta dissertação, que tem como objeto o processo de criação do espetáculo teatral Miopia, investiga as tensas relações entre forma teatral, abordada em suas diversas e contraditórias dramaturgias, e o tecido histórico. Procuramos reler tal experiência estética questionando se é possível enxergar nas cicatrizes, limitações e contradições do espetáculo teatral e do seu processo de criação índices da realidade histórica, caracterizada pelo estágio tardio do sistema capitalista de produção. Para conceituar esta experiência artística, que representou algumas possibilidades de suspensão dialética (sacrifício, aniquilamento, conservação e superação) dos pressupostos do teatro épico sistematizados por Bertolt Brecht, criamos o conceito de labirinto. Utilizamos este conceito porque categorizações geralmente utilizadas na descrição do teatro contemporâneo, como a de teatro pós-dramático, também não se ajustavam ao objeto, já que este levantava questões ligadas à tentativa de configurar características próprias da formação social brasileira. Esta forma do labirinto é caracterizada em Miopia por uma utilização sistemática da alegoria de difícil decifração, entendida aqui em sua aproximação da ruína, do enigma e da incompletude. Apresentada em uma Usina de Compostagem de Lixo, a peça teve sua encenação construída por meio de detritos de formas e procedimentos teatrais tradicionais e a partir do lixo, expondo na própria cena o inacabamento de seu processo de criação. O fracasso das intenções iniciais presentes neste processo pôde ser revelado nesta dissertação como possibilidade de construção de sentido, em que a crise de compreensão em Miopia inseriu o público como criador e consumador do espetáculo teatral, dissolvendo o conceito de obra artística e substituindo-o pela ideia de um ensaio em perpétuo devir.