O centro & os centros: produção e feituras da cidade em disputa

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Vannuchi, Luanda Villas Boas
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/16/16139/tde-30032021-203003/
Resumo: A pesquisa observa a produção contemporânea do centro de São Paulo a partir das tensões, disputas e eventuais negociações entre os atores hegemônicos empenhados na sua valorização e personagens não tão poderosos que existem e resistem nesse mesmo território, reivindicam à sua maneira a cidade como valor de uso e rejeitam nas suas práticas o imperativo da mercantilização de tudo. A tese apresentada é de que centros diferentes são imaginados, enunciados, vividos e, enfm, também produzidos por estes personagens contrapostos; centros que ora se sobrepõem espacialmente, ora entram em confito. Como caminho metodológico, acompanho a produção do espaço e dos discursos sobre o centro de São Paulo nesse princípio de século: pelos projetos públicos de transformação urbana, pela atuação do capital imobiliário e pelas práticas socioespaciais divergentes que por ali se multiplicam. Os capítulos estão organizados de modo a entremear ideações concorrentes. O primeiro capítulo relembra a formação do centro, das grandes obras burguesas de embelezamento do início do século 20 às recentes soluções neoliberais para a transformação urbana, passando pelas várias mutações nesse território, do esvaziamento à retomada; uma história que se apresenta desde o princípio marcada pela supressão das condições e usos existentes e da imposição de modelos colonialistas. No segundo capítulo, já no tempo presente, refito sobre feituras contra-egemônicas do centro a partir das experimentações de personagens minoritários - em festas e festivais de rua, ocupações artísticas e, particularmente, nas experiências do Terreyro Coreográfco e do Teatro Ofcina. O terceiro capítulo desvenda as formas e os conteúdos da atividade imobiliária contemporânea no centro, expondo como procuram capitalizar sobre signifcados criados socialmente, convertendo modos de vida em renda de monopólio. Evidencia, ainda, como o crescente domínio do capital fnanceiro sobre a produção residencial destitui o sentido de moradia das novas unidades, construídas cada vez mais como produtos de investimento. No quarto e último capítulo, capital imobiliário e personagens divergentes enfm se enfrentam em torno do destino de um terreno de mata nativa na região central, obrigando os vários braços do Estado a uma mediação pouco usual entre o direito de propriedade e o direito coletivo a um comum. O acontecimento Parque Augusta reúne as principais questões dos capítulos anteriores e aponta para um possível, um urbanismo cosmopolítico, a cidade por vir.