A pessoalidade poética em Fernando Pessoa

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2015
Autor(a) principal: Parcianello, Reginaldo
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8150/tde-09102015-134404/
Resumo: Esta pesquisa investiga a pessoalidade poética em Fernando Pessoa. A base do estudo é a estética da formatividade de Luigi Pareyson, da qual extraímos as principais categorias concernentes à hermenêutica literária. É uma investigação interdisciplinar, no tocante a seu arcabouço estético e literário, mas se trata inequivocamente de uma tese sobre literatura, pois a temática filosófica que é transversal ao todo da pesquisa esclarece e interpreta a pluralidade de poemas de Pessoa, em todos os tópicos da pesquisa, sem sustentar uma ideia ou a defesa de um ponto de vista específico. A pessoalidade é a noção estética segundo a qual toda a produção artística passa pela mediação ativa e criadora da pessoa, e isso é se aplica também ao esforço de despersonalização da arte. Não é por acaso que Pessoa rejeita a poética romântica, confessional: seu modo modernista de gerar poemas necessita de uma poética plural que, necessariamente, é sincera ou é representada como um fragmento, em cada heterônimo engendrado à maneira de um holograma de sua personalidade. E nisso mostra-se uma contradição: não se trata de personalidade, como, aliás, a maior parte dos críticos o registra, mas de personalidades (plural, portanto) que, remetidas ao seu criador, no ato poético, redundam na pessoalidade poética. O heterônimo Álvaro de Campos exprime poeticamente a pessoalidade inerente ao projeto pessoano: O que é fazer versos senão confessar que a vida não basta? (PC, Berardinelli, 86), denotando o cerne existencial e personal de qualquer projeto que envolve uma autoria. Em termos teóricos, a pessoalidade na impessoalidade, consequência da historicidade de todo fazer humano, é a compreensão de que quaisquer propósitos, ainda que deliberadamente objetivos, são sempre regulados uma pessoa que os concebe. Não menosprezamos a função pedagógica dos estudos literários, e por isso demonstramos, interpretativamente, que a literatura é imprescindível para a formação da personalidade humana: unicamente através dos caminhos críticos e estéticos é possível a Educação atender aos desafios contemporâneos.